A ginasta portuguesa Filipa Martins voltou aos treinos nas instalações do Acro Clube da Maia após praticar em casa durante dois meses "cansativos mentalmente", devido à pandemia de COVID-19.

"Os meses em casa foram um bocadinho cansativos mentalmente, porque não se consegue fazer as mesmas coisas que aqui [no pavilhão], à vontade e nos aparelhos. Acabámos por nos restringir muito à preparação física e a tentar manter a forma física para quando este regresso acontecesse", explicou à Lusa, após um treino no Acro Clube da Maia, emblema que representa naquele concelho do distrito do Porto.

Os treinos realizam-se agora sob a atenção do técnico José Ferreirinha, podendo utilizar no pavilhão os equipamentos que fazem parte das vertentes de ginástica artística, nas instalações de um clube que tem várias outras atletas de alta competição também de regresso ao trabalho.

O espaço foi condicionado às novas exigências e também foi elaborado um novo calendário, para espaçar a prática e permitir dias dedicados à limpeza e desinfeção das superfícies.

A pandemia de COVID-19 levou ao cancelamento e adiamento de todas as provas, deixando atletas como Filipa Martins em casa, limitados aos treinos que pudessem fazer e sem o equipamento que normalmente utilizam, para preparação e competição.

A ginasta de 24 anos, única representante lusa na ginástica já apurada para os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para 2021, vê o regresso, após o estado de emergência e na sequência de medidas de desconfinamento, como "uma notícia que veio animar um bocadinho".

Para já, confessou, não pensa ainda "muito no quadro competitivo", apenas em "voltar aos pouquinhos a fazer" o que estava a treinar anteriormente, até porque perdeu "muita forma física, porque nunca é igual".

"O principal agora é recuperar aos poucos a forma física e começar a fazer as coisas novas que fazíamos antes, até porque o objetivo dos Jogos é agora mais para a frente. No final do ano, se for possível, passa pelo campeonato da Europa e as competições nacionais. Estão previstas, mas com a incerteza de não sabermos o que vai acontecer", revelou.

Para Tóquio2020, que serão os segundos Jogos de Filipa Martins, depois do 37.º lugar no ‘all around' do Rio2016, o melhor resultado de sempre da ginástica artística portuguesa, a portuense espera poder trabalhar "com mais calma e mais tempo" até lá.

Antes, até ao adiamento, confessou ter vivido "um período stressante".

"A cada dia, saía uma notícia nova sobre manter a data, depois não, depois ia ser adiado, depois não. Foi stressante gerir tudo. (...) Quando saiu a notícia do adiamento, foi um alívio", admitiu.

Agora, o trabalho tem em vista uma "progressão" até ao verão do próximo ano, altura em que a ginasta poderá voltar a competir numa prova olímpica num percurso que começou "aos quatro anos", até porque desporto sempre foi parte da sua vida.

Também durante o período de confinamento este foi importante, não só pela prática como pela partilha, através das redes sociais, de vídeos dos treinos, um pedido frequente a que acedeu.

"Senti que dava incentivo e motivação para quem, mesmo quem não fizesse nada, pudesse fazer alguma coisa. Deu-me ainda mais vontade", afirmou.

Ainda assim, e apesar de esperar que este período leve mais pessoas a praticarem desporto, disse confiar que "o regresso às vidas normais" e ao trabalho para muita gente pode retirar "o tempo para a atividade física que tinham agora".

Natural do Porto, Filipa Martins começou por destacar-se com vitórias em taças do mundo, como em 2014 em Anadia, em solo, e novo ouro já em 2019, na trave, além de dois oitavos lugares em Europeus: primeiro em Montpellier, em 2015, e depois em Cluj, em 2017.

Também em 2015, trouxe para casa uma medalha de bronze da Universíada de Gwangju, numa carreira em que o apuramento para Tóquio2020 foi selado em outubro de 2019, com o 65.º posto no Mundial de Estugarda.

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