Findados os Jogos Mundiais Universitários, que se realizaram entre 28 de julho e 8 de agosto, em Chengdu, na China, chega também ao fim o Diário da Missão Portuguesa nos FISU World University Games.

Nesta última entrada, Ricardo Nora, presidente da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), conta-nos a sua experiência e faz um balanço desta competição em que Portugal alcançou a sua melhor participação e conquistou sete medalhas.

"Enquanto presidente da FADU, vivi estes Jogos Mundiais Universitários com um orgulho enorme, mas também muita responsabilidade. Este evento foi excelente para promovermos as nossas relações com outras Federações congéneres, nomeadamente dos países que integram a CPLP, e também para nos posicionarmos dentro da FISU. Tivemos a oportunidade de abordar futuras organizações em Portugal com o responsável máximo da FISU, que elogiou bastante o trabalho feito pela FADU ao longo dos anos na promoção do projeto do desporto universitário.

Depois de a FADU e o nosso país terem recebido, em 2018, os Jogos Europeus Universitários, em Coimbra, maior evento multidesportivo que Portugal alguma vez recebeu, acredito estar na altura de nos começarmos a preparar para receber um evento deste género.

No meu dia-a-dia, estive envolvido na missão juntamente com toda a comitiva e com os estudantes-atletas. Além dos compromissos institucionais, acompanhei e vibrei de perto com as prestações das nossas equipas e dos nossos atletas em Chengdu. Festejámos muito os títulos, as medalhas, e todas as prestações individuais e coletivas. Pois nem só de medalhas se mede o sucesso desportivo e social num evento desta dimensão.

Estes Jogos Mundiais Universitários foram uma experiência que será muito difícil explicar e transcrever por palavras. Ao nível só mesmo dos Jogos Olímpicos. Sentimento geral vivido por toda a comitiva, uma experiência incrível para todos os estudantes-atletas presentes. Ainda para mais, Chengdu 2021 (foi adiado por duas vezes por causa da pandemia) foi considerada a melhor edição de sempre pelo Presidente da FISU na Cerimónia de Encerramento do evento.

Fiquei muito impressionado com a dimensão deste evento, com toda a organização e infraestruturas. No total, estivemos perante cerca de 57 instalações desportivas, mais de 17 mil pessoas envolvidas na organização, cerca de 7500 estudantes-atletas de 1700 instituições de ensino superior de todo o mundo.

Para mim, é um privilégio ser Presidente da FADU neste momento que o desporto universitário português atravessa. Se no ano passado conseguimos títulos inéditos ao sermos campeões do mundo em futsal feminino, em voleibol de praia e em canoagem k1 200m, este ano ultrapassámos a melhor participação de sempre de Portugal nestes Jogos com a conquista de três medalhas de ouro e quatro de prata. Aos quais juntamos o melhor resultado de sempre no voleibol masculino com um 7º lugar e a melhor pontuação de sempre na ginástica rítmica com a estudante-atleta Madalena Lages. Entre 111 países que participaram, ficámos em 18.º lugar à frente de países como os EUA, Brasil e Espanha.

Ao longo da competição fomos recebendo contactos por parte do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, motivado pelos resultados que estávamos a alcançar, e foi com uma grande alegria e entusiasmo que recebemos a notícia de que o nosso Presidente da República, em data oportuna, irá receber a missão portuguesa em Belém.

Estes resultados fazem-me acreditar que estamos perante uma nova geração de jovens atletas muito promissores e também de estudantes de excelência, capazes de conciliar as suas carreiras académicas e desportivas com ótimos resultados. Sentimos a responsabilidade de valorizar e lutar para que sejam criadas condições, em Portugal, para os jovens que queiram praticar desporto de alto rendimento sejam encorajados a fazer as suas próprias escolhas e não tenham de escolher entre o desporto e a universidade.

Conseguimos, em 2019, que fosse aprovado o estatuto do estudante-atleta, mas ainda há muito trabalho para que a sua implementação integral seja uma realidade, bem como do estatuto de praticante desportivo de alto rendimento. Os estudantes-atletas portugueses deram aqui uma excelente amostra do que são capazes de fazer, e melhores serão os resultados se houver o investimento certo na criação de condições e instalações desportivas adequadas.

Regressamos agora a Portugal, com um sentimento de dever cumprido e com a certeza de que, no futuro, iremos conquistar muito mais para o nosso país e para os nossos estudantes-atletas."