O grande mestre Ding Liren, da China, sagrou-se hoje campeão do mundo de xadrez, ao derrotar o grande mestre russo Ian Nepomniachtchi no desempate por partidas rápidas da final, que se disputou em Astana.

Após 7-7 no final das partidas regulares, tudo se ia decidir hoje, com partidas rápidas e ‘blitz’ no programa, com Ding a surpreender o favoritismo do adversário e a suceder assim ao norueguês Magnus Carlsen.

Na capital do Cazaquistão, o embate ente Ding e ‘Nepo’ foi dos mais equilibrados da história, com três vitórias para cada lado e oito empates, nos 14 jogos disputados desde dia 09 e que culminaram com a consagração do primeiro chinês campeão mundial.

Em mulheres, a China já é a potência dominante no xadrez desde a década 90 do século passado, sendo a atual campeã do mundo Ju Wenjun, que vai defender o título, em julho, face à compatriota Lei Tingjie. No total, a China já teve seis campeãs do mundo.

Carlsen, que era pentacampeão do Mundo e foi totalmente dominador nos últimos 10 anos, impôs-se com facilidade em dezembro de 2021 a Nepomniachtchi para o seu último título, mas depois, em julho de 2022, renunciou, permitindo esta final em Astana e a consagração de Ding, que já liderara a China nos triunfos das Olimpíadas da modalidade, em 2014 e 2018.

Muito promissor, Ding, de 30 anos, menos dois do que o adversário, já era há bastante tempo apontado como sério candidato a suceder a Carlsen. Vice-campeão mundial sub-10, em 2003, foi com 17 anos o mais jovem campeão absoluto de sempre na China.

Foi também o chinês mais bem cotado no ranking internacional – chegou a ser segundo, em 2021 – e o primeiro a competir no torneio dos candidatos, que apura quem vai jogar contra o campeão em título.

A pandemia de covid-19 travou-lhe a trajetória ascendente, e em 2022 não conseguiu vistos para se deslocar aos torneios que qualificavam para o torneio de candidatos, quase não competindo entre junho de 2021 e abril de 2022.

Só viria a aceder ao torneio de candidatos com a desclassificação do russo Serguei Karjakin, que tomou posição pública a favor da invasão da Ucrânia pela Rússia. Uma vaga foi aberta e Ding era o primeiro, na lista dos não qualificados.

Em abril do ano passado, Ding começou a perder ante ‘Nepo’ mas recuperou bem e acabou mesmo por fechar o torneio de candidatos na segunda posição.

Mais uma vez, a fortuna viria a estar do seu lado: com a renúncia de Carlsen, esse segundo lugar valeu a presença neste torneio pelo cetro mundial.

Em Astana, Ding esteve sempre sob pressão e por três vezes esteve em desvantagem. Igualou, na 12.ª partida, a que se seguiram dois empates.

Nas rápidas, voltou a surpreender, já que o adversário russo é apontado como um exímio executante dessa especialidade.

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