Os Estados Unidos saudaram hoje as conversações entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul sobre a participação de Pyongyang nos Jogos Olímpicos de inverno, mas fizeram acompanhar a mensagem de felicitações de uma advertência.
O Departamento de Estado indicou que responsáveis norte-americanos vão trabalhar com Seul para garantir que o envio de uma delegação de Pyongyang às olimpíadas “não viola as sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU devido às atividades ilegais da Coreia do Norte nas áreas nuclear e dos mísseis balísticos”.
Esta posição norte-americana surge na sequência das notícias hoje avançadas de que a Coreia do Norte vai enviar uma delegação aos Jogos Olímpicos de Inverno em PyeongChang, na Coreia do Sul, numa decisão anunciada após uma reunião entre os dois países.
"A comitiva norte-coreana vai enviar uma delegação do comité olímpico nacional, atletas, meninas de claque, um grupo de artistas, uma equipa de demosntração de taekwondo e um serviço de imprensa", anunciaram hoje os dois países, em comunicado.
O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, disse que esta decisão é "um grande passo para o espírito olímpico".
As duas Coreias acordaram hoje, em conversações excecionais de alto nível realizadas mais de dois anos após as últimas, que a Coreia do Norte enviará uma delegação aos Jogos Olímpicos de inverno de PyeongChang, a disputar entre 09 e 25 de fevereiro, a 80 quilómetros da fronteira norte-coreana.
No encontro, que decorreu em Panmunjom, aldeia fronteiriça onde foi assinado o cessar-fogo da Guerra da Coreia (1950-53), Seul aproveitou a oportunidade para abordar a retomada do processo de reunião das famílias separadas pela guerra.
Este reatamento do diálogo ocorreu após mais de dois anos de degradação do clima naquela península, durante os quais o regime de Pyongyang realizou mais três testes nucleares e multiplicou os lançamentos de mísseis, anunciando ter já alcançado o seu objetivo militar de estar em condições de ameaçar nuclearmente a totalidade do território continental dos Estados Unidos.
O líder norte-coreano, Kim Jong-Un, reafirmou isto mesmo a 01 de janeiro, na sua mensagem de Ano Novo à nação, avisando que tem sempre ao seu alcance o “botão atómico”.
As duas Coreias estão ainda tecnicamente em estado de guerra, desde 1953, já que o fim da guerra na península apenas foi assinalado por um armistício e não por um tratado de paz e os mais de 60 anos de tensão que se seguiram foram marcados por muitos incidentes e conflitos.
O Conselho de Segurança da ONU adotou no fim de dezembro um novo pacote de sanções para Pyongyang, aprovando por unanimidade uma resolução norte-americana que proíbe o fornecimento de quase 75% dos produtos derivados de petróleo à Coreia do Norte e ordena a deportação de todos os cidadãos norte-coreanos a trabalhar no estrangeiro até ao fim de 2019.
A China, tradicional aliada de Pyongyang, juntamente com a Rússia, indicou que começou no sábado a aplicar estas novas restrições.
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