Uma ‘casa’ para as seleções é o grande objetivo no segundo mandato de Jorge Fernandes à frente da Federação Portuguesa de Judo (FPJ), candidato único à presidência do organismo nas eleições agendadas para sábado.
Para o mandato que se avizinha, o dirigente tem a prioridade de conseguir um local de treino de qualidade para os judocas portugueses, uma lacuna que diz existir há demasiado tempo em relação a uma modalidade que dá medalhas e títulos.
“A pandemia veio mostrar ainda mais esta falta de condições. As instalações que temos, no centro de treinos do Jamor, são uma cave sem condições, sem ventilação. Desde há vários anos que temos alertado para a falta de condições”, disse à Lusa o presidente da FPJ.
Antes da pandemia, os judocas recorriam às instalações do Estádio Universitário de Lisboa, mas a alocação das mesmas ao combate à covid-19, ajudou a federação a deslocar os trabalhos das seleções para Coimbra, onde têm trabalhado desde junho.
“Usámos o Estádio Universitário de Lisboa já na direção anterior, só que, com a pandemia, as instalações foram destinadas ao apoio médico. Ficámos sem local de treino e quando recomeçámos recorremos a Coimbra”, explicou.
Para Jorge Fernandes, que tem mantido conversas com a secretaria de Estado da Juventude e do Desporto (SEJD) e o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), mas sem nada de concreto, é imperativo que o judo tenha uma ‘casa própria’, para si e também para receber outras seleções, com a possibilidade de acolher estágios internacionais, à semelhança do que se faz em Tóquio.
“Se não conseguir a casa do judo não chego ao fim do mandato. Se tiverem de ser os atletas a darem a cara não andamos aqui a fazer nada. Houve conversas, mas não passou disso”, admitiu Jorge Fernandes.
O dirigente máximo da FPJ revelou que as outras federações, algumas das quais presentes nos estágios em Coimbra, como as do Brasil e Espanha, encaram com estupefação o facto de o judo português não ter um local próprio.
“Ficam admirados por não termos instalações, devido ao nível que o nosso judo tem há vários anos”, referiu.
O último ano foi muito positivo, com Jorge Fonseca (-100 kg) a conquistar o primeiro título mundial para Portugal, Bárbara Timo (-70 kg) a ser vice-campeã mundial, e Joana Ramos (-52 kg) e Patrícia Sampaio (-78 kg) a terminarem em quinto lugar
Resultados de 2019 que se juntaram a nova medalha de Telma Monteiro (-57 kg) nos Europeus, em Minsk, onde a seleção chegou à medalha de prata em equipas mistas.
“A bitola está muito alta, desde 23 de junho que trabalhamos com a seleções desde os cadetes, juniores, sub-23 e seniores. Não queremos menos resultados do que em 2019”, projetou Jorge Fernandes, que no próximo mandato terá vários desafios.
Além dos Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados para 2021 devido à pandemia, o judo português recebe no final de abril, em Lisboa, os Europeus da modalidade, 13 anos depois de também ter acolhido a prova continental, em 2008, no Pavilhão Atlântico.
“O orçamento vai ser levado à discussão e aprovação em assembleia em 31 de outubro e para 2021 temos um orçamento de três milhões de euros, com grande ‘fatia’ para o Europeu”, indicou o dirigente.
Jorge Fernandes, na presidência da FPJ desde janeiro de 2017, concorre para o quadriénio 2020/2024 sem oposição e a sua lista é subscrita por 51 dos 71 delegados com direito a voto, tornando o próximo ato eleitoral uma formalidade.
Nas eleições, que irão decorrer no Pavilhão Desportivo do Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache - local em que decorrerá também o campeonato nacional de seniores -, a lista de Jorge Fernandes terá Carlos Andrade na mesa da Assembleia Geral, por troca com Sandra Godinho, que passa a 'vice', e mantém Nuno Carvalho no Conselho de Arbitragem, Victor Antunes no Conselho Fiscal, António Borrego no Conselho de Justiça e Hélder Lourenço no Conselho de Disciplina.
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