Em Portugal, cerca de 50 praticantes de lacrosse na zona de Lisboa estão empenhados em fazer crescer a modalidade no país ao ponto de sonharem com a presença no regresso desta aos Jogos Olímpicos, em Los Angeles2028.
“Neste momento, [o lacrosse resume-se a] um clube em Lisboa. É um desporto que tem tido algumas dificuldades de implementação e crescimento. Temos feito atividades e formação em escolas, clubes, férias desportivas... É um movimento completamente voluntário. Procuramos mais pessoas com vontade de iniciar projetos em outras partes do país”, explicou à Lusa o vice-presidente da ANLAC – Associação Nacional de Desenvolvimento de Lacrosse.
Pedro Machado revela que “como grupo informal” o lacrosse já existe em Portugal “há sete ou oito anos”, tendo agora formalizado uma evolução organizativa, aproveitando a inclusão olímpica da modalidade no programa de Los Angeles2028.
“Em Portugal somos cerca de 50, mas temos uma comunidade lusodescendente espalhada pelo Mundo, especialmente nos Estados Unidos e Canadá. Globalmente, o nosso número cresce para uns 110”, especifica, referindo-se às duas nações com maiores tradições.
A ANLAC entende que o regresso olímpico – esteve presente nos Jogos de 1904 e 1908, com apenas duas equipas, e posteriormente em 1928, 1932 e 1948, somente como exibição – é uma “oportunidade” para o lacrosse evoluir em Portugal.
A equipa que lidera o organismo confia que “com algum esforço até é possível marcar presença nos Jogos”, contando sempre com a mais-valia “técnica e tática” dos lusodescendentes, uma vez que no Canadá e Estados Unidos a iniciação à modalidade é feita tradicionalmente ainda antes da entrada das crianças na escola primária.
“Há uma diferença muito grande entre a formação lá e na Europa, mas não é nossa intenção descurar o desenvolvimento nacional, prejudicando estes atletas. Tem de haver um equilíbrio entre os que aqui trabalham todos os dias e os que vêm de fora. Uma conjugação de esforços necessária para as nossas aspirações de estarmos nos Jogos Olímpicos”, vincou Pedro Machado.
Antes disso, é necessário que o lacrosse esteja inserido numa estrutura com utilidade pública desportiva, sendo que “o processo já foi iniciado”.
“Esperamos que a breve prazo seja uma realidade. Que a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto e o Comité Olímpico de Portugal nos possam dar esse reconhecimento de utilidade pública, para que os nossos atletas se possam começar a preparar para Los Angeles”, disse.
A associação tem recebido “contactos” de pessoas interessadas em “praticar o lacrosse ou criar um clube”, pelo que o crescimento deste desporto pode ter as próximas etapas na zona do “Porto, Guimarães e Braga”, esta última a cidade em que vai decorrer o Europeu feminino, em 2024.
A ANLAC está disponível para auxiliar quem deseje praticar e promover o lacrosse, inclusivamente com “equipamento para permutas” que possibilitem minimizar os custos inerentes, dando como exemplo as balizas a rondar os 150 euros e os sticks entre 30 a 40 euros.
“Fomos adquirindo equipamento para nos prepararmos para ajudar equipas, pessoas, associações a criarem os seus próprios projetos. Para não estarem assoberbadas pelo nível de investimento”, esclareceu.
A isto, junta-se a necessidade de encontrar um campo de futebol relvado para se disputar a versão de 10 contra 10, sendo que para a de seis contra seis basta meio recinto.
“O lacrosse, primeiro estranha-se e depois entranha-se. Tem muitas semelhanças com a parte técnica de manejar o stick no hóquei em patins, com o ténis ou o swing do golfe. Alia fisicalidade de um desporto rápido e contacto físico e o posicionamento tático do andebol, futsal ou basquetebol, nos quais também são permitidos bloqueios. Vai buscar um bocadinho a várias modalidades. E é fácil reter os conceitos, regras e táticas”, completou.
O Europeu feminino de 2024 vai decorrer em Braga, entre 10 e 20 de julho do próximo ano, e deve contar com “600 a 700 competidoras”, constituindo uma “excelente oportunidade” para promoção deste desporto.
Comentários