O Leiria Trophy mobiliza cerca de 80 atletas de ambos os sexos de Portugal, Espanha, França, Suíça e Irlanda, nos escalões de sub-17 e sub-19, que competem nas provas de esgrima, laser run (corrida e tiro), natação e, pela primeira vez, também obstáculos.
“Dois a dois, os atletas fazem um percurso com cerca de 70 metros e oito obstáculos, lado a lado. No final, o tempo é cronometrado”, explicou à agência Lusa Abílio Figueira, responsável pelo Comité Organizador Local do Leiria Trophy, que tem organização da Federação Portuguesa de Pentatlo Moderno e da associação Bairro dos Anjos.
“O novo formato muda significativamente [a modalidade] e corta com o passado, trocando a disciplina do hipismo com a de obstáculos. Esta é uma das provas do calendário da União Internacional de Pentatlo Moderno e a primeira em todo mundo, oficial, em que se vai competir com os obstáculos”, realça o dirigente, também treinador da modalidade.
Nos Jogos Olímpicos de Paris, o hipismo ainda marcará presença no programa do pentatlo moderno. Para já, o novo formato apenas se aplica “de juniores para baixo”.
A mudança “não foi pacífica, sobretudo nos países onde a modalidade estava enraizada há muitos anos” e “parte da comunidade tentou contrariar”, recorda Abílio Figueira.
Os custos e exiguidade de oferta de competição no hipismo, bem como características da modalidade, ditaram a alteração:
“Os cavalos são sorteados e os atletas não conhecem os cavalos”, provocando “uma situação de incerteza”.
Há, entretanto, expectativa de que a opção pelos obstáculos contribua para “o crescimento da modalidade”, mesmo que os recursos para construção de pistas “não existam ou sejam muito limitados”.
Nesta estreia mundial em competições oficiais, isso criou para a organização do Leiria Trophy “um peso orçamental adicional", para o qual não estava à espera”. A estrutura custa à volta de 30 mil euros e pode revelar-se uma dor de cabeça para os clubes, admite Abílio Figueira.
Mas “pode ser um momento interessante”, contrabalança, porque os jovens portugueses "começam a fugir às modalidades tradicionais”: “É uma dor de cabeça para os clubes, mas certamente os municípios olharão para isto como uma oportunidade para contribuir para um melhor futuro dos jovens, em atividades muito atrativas, como esta dos obstáculos”.
O primeiro impacto da estrutura de obstáculos montada no Estádio Municipal de Leiria é animador.
“Estamos a sentir que há atletas que estão a ficar entusiasmados com isto. Até junto de jovens que não estão ligados ao pentatlo moderno, [os obstáculos têm] atratividade que os deixa muito entusiasmados”, notou o treinador.
De acordo com Abílio Figueira, Leiria vai receber a primeira experiência de “um pentatlo pós-moderno”, que “vai atrair muitos jovens, aqui em Portugal e nos outros países”.
Os obstáculos “são uma espécie de parque infantil para jovens e mais velhos - e qualquer parque infantil é uma atração grande. É um desafio pela vertigem”.
E para os próprios pentatletas também há vantagens: “Vai melhorar a coordenação motora dos atletas, vai dar-lhes mais força, mais agilidade, será um contributo também para o desempenho desportivo noutras disciplinas e, quem sabe também, noutras modalidades”.
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