Há 25 anos, o alpinista português João Garcia atingiu o cume do Evereste, numa expedição marcada por um acidente que lhe deixou evidentes marcas físicas, e pela morte do companheiro de aventura, o belga Pascal Debrouwer.
Em 18 de maio de 1999, a menos de um mês de completar 32 anos, João Garcia tornou-se o primeiro português a escalar os 8.848 metros da mais alta montanha do mundo, numa expedição que o próprio assumiu, anos depois, “ter sido uma sucessão de erros”.
Há cinco anos, a duas décadas de distância do feito, João Garcia, assumiu, em entrevista à agência Lusa: “Passados estes anos, olho para trás e vejo que foi uma sucessão de erros (…). Às vezes, há uma série de erros que todos juntos potenciam consequências que, no meu caso, e no do Pascal, foram catastróficas”.
Depois da fotografia no topo, que os fez permanecer tempo demais a uma altitude em que a sobrevivência fica em risco, o mau tempo e a noite obrigaram-nos a uma paragem, que se revelou fatal para o belga Pascal Debrouwer.
Durante algumas horas, que nunca conseguiu quantificar, João Garcia viveu momentos de sofrimento mental e físico, algumas partes do seu corpo congelaram.
Seguiram-se um internamento de três meses em Saragoça, em Espanha, e um longo período de recuperação, e ficaram para sempre as marcas físicas nas mães, pés e nariz.
João Garcia admitiu que a pior expedição da sua vida, feita sem recurso a oxigénio artificial, lhe deixou “dúvidas na cabeça”, que, depois de superadas, se tornaram numa lição.
“Depois do Evereste tive momentos bastante incertos, sem saber o que iria fazer da minha vida”, contou, em entrevista à agência Lusa, admitindo que, depois de perceber que tinha perdido parte dos dedos dos pés e das mãos e o nariz, deu uma hipótese a si próprio.
“Apenas escutei o meu coração. Dei uma chance a mim próprio de voltar ao terreno, de perceber quais eram as minhas novas limitações, a nível de mão útil. Tive de perceber que tinha tido muita sorte. Eu sobrevivi!”, referiu.
Entre 1993 e 2010, João Garcia subiu ao topo das 14 montanhas com mais de 8.000 metros e tornou-se então no 10.º alpinista a fazê-lo sem recurso a oxigénio artificial.
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