O canoísta Fernando Pimenta admitiu hoje que foi “complicadíssimo” perder, nos metros finais, a medalha de ouro em K1 5000 dos II Jogos Europeus, tal como aconteceu na quarta-feira nos 1000 metros em Minsk.

“Complicadíssimo. Ainda para mais sabia que ia ser muito duro o sprint final (…) É dar os parabéns e mérito ao atleta que venceu. Dei tudo, nos metros finais já vinha com cãibras nos antebraços, já nem tinha força para segurara a pagaia. Por isso, mais do que dei era impossível. Senti mesmo o meu corpo a rebentar por todos os lados”, contou.

Sob condições climatéricas adversas com vento que potenciava ondas e dificultava o contornar das boias, onde geralmente há muito contacto entre barcos, o limiano concluiu o percurso em 21.46,554, sendo ultrapassado nos derradeiros metros do longo sprint, ficando a 1,299 segundos do ouro.

Com o pódio de hoje, o 12.º de Portugal na Bielorrússia, Pimenta é o recordista dos atletas portugueses em Jogos Europeus, com quatro medalhas, todas de prata, em K1 1000 e 5000, em Baku2015 e Minsk2019.

“É a quarta prata em Jogos Europeus, um balanço muito positivo, mesmo não chegando aqui na melhor forma. (...) Vim a Minsk competir e ganhar ritmo competitivo. Este é um bom prenuncio para o Mundial, para conseguir a vaga olímpica, o objetivo desta época”, vincou.

Ainda assim, a sua ambição não se furtou à frustração do segundo lugar, pois “queria mais”, por ser “um atleta que gosta de ganhar, que dá tudo por tudo para chegar em primeiro em todas as competições”.

“Mas todos treinam para vir aqui e vencer e nós não podemos ganhar sempre”, afirmou.

Fernando Pimenta falou do estímulo que é “deixar os portugueses orgulhosos” com o seu desempenho e, por isso, não nega o “sabor agridoce quando a bandeira de Portugal sobe em segundo lugar e não em primeiro”.

“Quero sempre atingir o mais alto patamar e ouvir o hino, a nossa ‘Portuguesa’, mas o húngaro foi melhor”, reconheceu, referindo-se a Balint Kopasz, que lhe negou o ouro nas duas distâncias, ambas por muita curta margem.

Pimenta elogiou os seus “80 por cento de eficácia” em Jogos Europeus, pois em cinco provas disputadas apenas falhou o pódio em K4, em Baku2015.

“Claro que é bom, claro que queria mais, mas estou ciente no meu real objetivo, que é em agosto na Hungria”, concluiu.

A jovem Sara Sotero foi 16.ª em K1 5000, na qual as condições climatéricas também foram adversas, com chuva, vento e ondulação, impróprios para a canoagem.

“É a minha primeira grande competição deste nível e aprendi muito. Percebo o quanto é preciso trabalhar, dedicar-se para um dia cumprir o sonho de estar nuns Jogos Olímpicos ou chegar ao valor de um atleta como o Fernando Pimenta”, disse.

A jovem de 19 anos admite que Tóquio2020 “pode não ser um sonho exequível”, mas garante que lhe “sobra vontade para trabalhar e estar em Paris2024”.