As mudanças competitivas a nível internacional e a situação financeira são os principais desafios para o próximo ciclo olímpico da Federação Portuguesa de Remo (FPR), disse na sexta-feira à agência Lusa o candidato único às eleições do organismo.
Luís Faria, que era vice-presidente da anterior direção, apresenta-se como único candidato a suceder a Luís Ahrens Teixeira, que cumpriu os três mandatos limite, nas eleições marcadas para este sábado, assumindo que “as mudanças drásticas [desta competição] têm a ver com a mudança do paradigma do remo mundialmente”.
As classes de pesos ligeiros, na qual Portugal tem conseguido os melhores resultados, deixaram de ser olímpicas e vão ser substituídas por provas de remo de mar nos Jogos Los Angeles2028.
“O que quer dizer é que nós, em termos de alta competição, vamos ter de nos direcionar para o que nós chamamos de atletas pesados, que são atletas com 80 quilos, 1,80, 1,90 metros de altura. Não propriamente o nosso estereótipo de latino, de português, mas a alta competição vai direcionar-se para isso. E há uma vertente com muita energia internacionalmente, que é o remo de mar, chamado de ‘beach sprint’ e que vai ser olímpico em Los Angeles”, referiu.
Esta mudança pode complicar a presença de Portugal em Los Angeles2028, mesmo que possam ser derivados alguns atletas para o remo de mar, algo que já está a ser feito a nível internacional.
“Já há campeões olímpicos de pista, que, mal ganharam as medalhas em Paris, disseram que, em Los Angeles, queriam ganhar medalhas no remo de mar. Portanto, o remo mundial também está em alteração. É difícil, mas nós somos um país com costa marítima, portanto recursos naturais não nos faltam para nos desenvolvermos ao nível do remo de mar”, referiu.
A nível interno, Luís Faria, que também foi vice-presidente de Fernando Estima de 1998 a 2004, diz que um dos desafios é a dimensão da modalidade, que tem pouco mais de 1.000 praticantes de competição, num desporto muito dispendioso.
“Somos um desporto que tem um material caríssimo. O nosso barco mais caro de competição anda à volta dos 60.000 euros e o mais barato os 7.000 euros, o que é uma carga muito grande no dia a dia do remo nacional e do mundial”, afirmou.
O candidato único às eleições foi um dos responsáveis de ter sido declarada a insolvência da FPR, aquando da presidência de Rascão Marques, que liderou o organismo de 2008 a 2012, considerando que a questão financeira é um dos problemas, “porque passados 12 anos, do plano de dívida, que era 50% da dívida a ser paga, ainda falta um valor grande a ser liquidado”.
“Esta é uma vertente interna, depois há a vertente externa, em que ainda há muita instabilidade relativamente ao apoio da Santa Casa da Misericórdia. Antes dos Jogos Olímpicos, a Santa Casa disse que ia deixar de apoiar o desporto amador. Depois houve uma evoluçãozinha, mas ainda nada está consistente se esse apoio se vai manter ou não. Se não se mantiver, o desporto amador, no qual incluo o remo, vai sofrer com isso”, afirmou.
Nas linhas orientadoras da sua candidatura, Luís Faria não faz qualquer referência ao Centro de Alto Rendimento (CAR) do Pocinho e apenas ao de Montemor-o-Velho, mas o candidato refere que “é um falso problema”.
“O CAR do Pocinho, independentemente da qualidade das instalações que estão lá, é um elefante branco”, assumiu Luís Faria, acrescentando que “o CAR natural do remo é a pista de remo do Montemor”, que está no meio do país.
Para Luís Faria, o CAR do Pocinho “tem umas condições excelentes a nível de instalações, mas, em termos geográficos, apesar de o país não ser grande, está deslocado e nunca foi utilizado”.
“Tem um leito de rio espetacular para treinos de inverno. Para fazer testes de dois quilómetros, que é a distância olímpica, não tem as condições ideais, além de que hoje em dia tem o tráfego turístico e hora a hora estão a passar navios”, afirmou.
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