Mais de 250 atletas de 26 nacionalidades marcam presença em Viseu na última prova da época na categoria mais elevada, Major 1000, na modalidade de footgolf, um desporto “mais cerebral que físico”, diz quem pratica.

A tatuagem de Maradona na perna de Gonzalo Novosad revela o “amor” que este argentino tem pelo “melhor do mundo no futebol” e que o levou também para os relvados, mas, após a idade de jogar, foi no footgolf que encontrou a sua paixão.

“Dizem que onde há uma bola de futebol, há um argentino atrás dela, então, aqui ando eu sempre atrás dela”, assumiu Gonzalo Novosad, atualmente com 37 anos, e que se dedicou a esta modalidade nos últimos quatro.

Gonzalo Novosad é, atualmente, o número um no ranking mundial de footgolf e, já este ano, foi vice-campeão do mundo individual nos Estados Unidos da América, no que, segundo disse à agência Lusa, é resultado de “muito trabalho diário”.

“A melhor aptidão para o footgolf é a cabeça, a mente. É preciso ser muito inteligente logo no primeiro pontapé a executar, porque já tem de se estar a pensar no segundo. É preciso usar de muita estratégia e ter sempre em conta o vento”, desvendou o atleta.

No footgolf, as regras são, basicamente, as do golfe, assim como o campo, sendo que os tacos são as pernas dos atletas e a bola é de futebol. O objetivo é pontapear o menor número de vezes para o buraco, devidamente adaptado ao tamanho.

Esta mistura, tendo como base a bola de futebol, apaixonou os atletas com quem a agência Lusa falou no decorrer dos treinos para a quarta e última prova da épcoa, duas delas realizadas na Europa, da categoria Major 1000, a mais elevada da modalidade.

O presidente da Federação Portuguesa de Footgolf, César Piedade, disse à agência Lusa que, este ano, decorreu na França e “agora em Portugal, pela primeira vez em Viseu”, no Golfe Montebelo, um campo com 18 buracos.

De quinta-feira até domingo, disse, são “mais de 250 atletas de 26 nacionalidades” que marcam presença na prova, que reúne “a nata da nata do footgolf”, com “campeões mundiais, tanto masculinos como femininos, ou seja, os melhores estão em Viseu”.

Matias Perrone, atual embaixador da modalidade e na véspera de completar 41 anos, disse à agência Lusa já ter “perdido a conta aos troféus” que ganhou e que “pouco importam”, apesar de ter sido campeão mundial em 2018.

“Sou um apaixonado por bola e o footgolf permite-me continuar a jogar, apesar da idade. O maior troféu de todos são as viagens e os amigos que faço nas provas, assim como estes ambientes na natureza. Isto é o melhor prémio”, assumiu o argentino.

O jogador reconheceu que iniciou a prática do golfe depois do footgolf, “porque ajuda muito a trabalhar a concentração” e, além de fazer musculação, também começou “a praticar ioga e meditação, para trabalhar o lado mental” da modalidade.

Atualmente, Portugal tem seis campos de golfe aptos para provas de footgolf e há também “cerca de 200 atletas federados” espalhados “um pouco por todo o lado”, como Luís Pinto, que nasceu na Madeira há 48 anos e reside em Inglaterra há 15.

“Foi lá que conheci este desporto que pratico há seis, sete anos, e cada vez lhe dedico mais tempo. Só este ano participei em 30 provas, porque, quando se começa, não se quer acabar, é como um vício”, disse este técnico de recursos humanos.

Um “vício” que André Bento partilha aos 33 anos. Operador fabril e natural de Almeirim (Santarém), disse ter “sorte com o patrão”, que tem “facilitado” a sua participação em provas e onde tem conseguido ficar “sempre entre os 10 primeiros” classificados.

“Não sei explicar, é como um vício. Desde que deixei o futebol isto tornou-se a minha paixão. Continuo a chutar uma bola e assim na natureza. É apaixonante!”, assumiu o atleta, que conquistou “o primeiro lugar numa etapa do campeonato nacional” e, em 2022, foi “o segundo melhor português no Open Portugal, o sétimo na geral”.

Com quase 15 anos de existência, o footgolf, segundo César Piedade, chegou a Portugal “há cerca de sete” e tem “cada vez mais adeptos e, felizmente, cada vez menos existe a ideia de que danifica os campos, isso não passa de um mito”.