A equipa feminina da seleção portuguesa de canoagem nos Mundiais da Alemanha está totalmente focada no apuramento do K4, contudo Teresa Portela e Francisca Laia assumem os benefícios de poderem tentar atingir Paris2024 em mais uma embarcação.
“Claramente, não me desfoco ao desdobrar-me, pois posso fazer K1 e K4 500 metros. Até acho que estar constantemente com essa pressão em várias provas pode ajudar-me a estar mais focada. Prefiro assim. Mais focada e com maior responsabilidade”, admitiu, à Lusa, Teresa Portela.
De quarta-feira a domingo, em Duisburgo, Francisca Laia lidera a tripulação, composta ainda por Teresa Portela, Joana Vasconcelos e Maria Rei, a única que ainda não tem experiência olímpica: em Londres2012, Teresa e Joana estiveram no K4 500 que foi sexto na final e que era composto ainda por Helena Rodrigues e Beatriz Fernandes.
“O K4 tem evoluído bem. Sentimos que estamos as quatro a tentar melhorar rápido, pois tivemos pouco tempo de trabalho. As mudanças que fizemos em treinos e nas poucas provas em que participámos têm corrido bem. Tanto em K1 como em K4 estamos no limite da classificação. Temos de estar preparadas para tudo, mas só queremos apurar”, vincou Portela, falando sobre a formação que foi 10.ª na Taça do Mundo e sétima nos Jogos Europeus.
Em equipa há passaporte para Paris2024 para 10 seleções, desde que estejam representados quatro continentes, pelo que o ideal mesmo é ficar nos seis mais fortes, até porque para os K4 o mundial é mesmo a única oportunidade para garantir vaga: já em K1 vão simplesmente as seis mais rápidas, sem qualquer condicionante.
“Estou mais focada no K4 e acho que o K1 pode beneficiar. Tenho fases em que sinto que estou muito bem em K1 e outras que não, mas acredito que em grandes momentos consigo estar na minha melhor forma. Apesar de ter sido um ano em que competi pouco e fiz poucos treinos em K1, sinto que a experiência me pode ajudar a conseguir esse objetivo”, acrescentou.
Depois da estreia em Pequim2008, Teresa Portela não falhou nenhuma edição, pelo que procura a sua quinta participação olímpica, não por vaidade, mas pelo desafio.
“Sinto que estou muito bem resolvida com o que fiz. É óbvio que quero ir a Paris2024, mas tenho noção que posso não me classificar. Não o desejo para ir para a mais uns Jogos e entrar num grupo pequeno que foi a tantos, mas porque gosto de competir, treinar e superar-me. Só por isso”, sublinhou.
Francisca Laia foi olímpica no Rio2016 e “custou muito” falhar Tóquio2020, pelo que lhe sobra “vontade” de regressar ao maior palco do desporto mundial, sobretudo numa “grande tripulação” como o K4, com o qual em 2015 perdeu a qualificação por 18 milésimos de segundo.
“Tenho muita vontade de voltar aos Jogos Olímpicos. Sem dúvida que não ter estado em Tóquio2020 me custou imenso, embora agora já o aceite bem. Quero muito voltar fazê-lo e em K4 é o objetivo, apurar um barco grande, depois de ter ido em K1. Em 2015 não conseguimos por 18 milésimos de segundo e ficou um sabor amargo…”, recorda.
A Europa é o continente mais forte na canoagem, no entanto, a internacional lusa espera os bons desempenhos tradicionais da Nova Zelândia, Austrália, México e China.
“Estou ciente da dificuldade que é, mas também de que nunca tivemos um K4 de tão bom nível como agora. Tenho noção da dificuldade e nível internacional atual, mas também da consistência do nosso trabalho e evolução nos últimos meses e de prova para prova”, reforçou.
Francisca Laia garante que “todas as fichas estão viradas para o K4”, contudo admite que “sabe sempre bem ter outra oportunidade”, que será em K2 500 com Joana Vasconcelos, dupla que, ainda assim, não tem feito preparação conjunta, em favor da ambição maior.
A seleção de canoagem nos Mundiais conta com 13 canoístas no sprint e mais três para a canoagem adaptada.
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