A Frente Popular Unida (FPU) da Rússia, plataforma eleitoral do Presidente Vladimir Putin, expulsou hoje do seu comité central a dupla campeã olímpica de salto com vara, Yelena Isinbaeva, por não apoiar explicitamente a guerra na Ucrânia.

Segundo fonte citada pela agência noticiosa oficial TASS, os membros do comité central votaram a favor da exclusão da ex-atleta supostamente por esta não participar no trabalho da organização.

A plataforma eleitoral de Putin, criada em maio de 2011, convocou uma reunião extraordinária após polémicas declarações da atleta.

Isinbaeva foi alvo de duras críticas na semana passada por negar qualquer vínculo com o exército russo apesar de pertencer ao CSKA, o principal clube militar.

A crítica mais contundente foi emitida pelo ministro dos Desportos, Oleg Matitsin, que considerou “inaceitável” o facto da campeã olímpica depreciar quer um ramo militar quer “os acontecimentos em curso no seu país natal”.

As autoridades da região russa do Daguestão indicaram que retiraram o nome de Yelena Isinbaeva de um estádio de atletismo.

A polémica com Isinbaeva surgiu quando a conhecida designada “imperatriz do salto com vara” anunciou nas redes sociais que em setembro reiniciará o seu trabalho no Comité Olímpico Internacional (COI).

Isinbaeva assegurou que o posto de major que recebeu em 2015 ao representar o CSKA, o clube do exército russo, é “puramente nominal” e que “nunca” serviu nas Forças Armadas, nem exerceu o cargo de deputada, nem pertenceu ao partido do Kremlin (Presidência russa).

No entanto, o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, saiu em sua defesa, apelou aos russos para que não se precipitassem nas suas conclusões e não censurou o facto de a ex-atleta viver no estrangeiro, em Espanha, onde terá três propriedades imobiliárias.

“Ela não condenou nada nem criticou ninguém. Em defesa da sua honra, quantas vezes soou o nosso hino e foi içada a nossa bandeira. É necessário recordá-lo”, assinalou.

O chefe do Comité Olímpico Russo (COR), Stanislav Pozdniakov, também descartou a sua expulsão com o argumento de que não é possível pelo facto de a ex-atleta pertencer ao COI, apesar de reconhecer que Isinbaeva “desde há dois anos que se distanciou do COR”.

O COI aprovou em março a participação de atletas russos e bielorrussos com um estatuto neutral, mas rejeitou as equipas nacionais e desportistas que apoiam a guerra ou pertençam a clubes vinculados com o exército e as forças de segurança, como é o caso do CSKA.

Pelo facto de pertencer a esse clube, o COI suspendeu provisoriamente a participação de Isinbaeva nas atividades do organismo, apesar de o seu comité de ética ter finalmente concluído que poderá manter essa atividade, pelo facto de não ter um contrato com o exército nem ter apoiado a campanha militar na Ucrânia.

“Sou uma pessoa de paz. Sempre o fui e sempre o serei. Sempre acreditei e acredito no melhor de cada pessoa”, assegurou Isinbaeva, que já recebeu uma medalha atribuída pelo atual ministro da Defesa, Serguei Shoigu.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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