Quase um ano depois de ter igualado Sebastian Vettel com quatro títulos mundiais, Lewis Hamilton voltou a fazer história e entrou definitivamente no pódio dos pilotos que mais conquistas somaram na Fórmula 1.
Igualou a lenda de Juan Manuel Fangio (campeão em 1951, 1954, 1955, 1956 e 1957) e ficou a apenas dois do recorde estabelecido por Michael Schumacher, com sete (1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004) e deixou para trás Vettel (2010, 2011, 2012 e 2013).
O piloto de Stevenage, cidade inglesa onde nasceu a 07 de janeiro de 1985, 29 dias antes de Cristiano Ronaldo, teve como grande inspiração o desejo de nunca mais voltar ao lugar da infância.
Nono campeão mundial de Fórmula 1 do ‘reino de sua majetade’ - o 10.º foi Jenson Button, em 2009 -, Hamilton começou cedo a interessar-se pelos automóveis e, como muitos pilotos, iniciou-se nos karts, com apenas oito anos, em 1993.
Em 1995, apenas dois anos depois, já era campeão britânico e, por essa altura, cruzou-se com Ron Dennis, o patrão da McLaren, ao qual disse, aproveitando um pedido de autógrafo, que, "um dia", queria conduzir os seus carros.
Ao lado do ‘rabisco’, Ron Dennis escreveu: "Telefona-me dentro de nove anos. Veremos algo então". Não seria preciso esperar tanto.
O talento de Hamilton continuou a revelar-se a toda a velocidade, tanto que, com 12 anos, uma casa de apostas ‘oferecia’ já ‘odds’ de 40/1 para a sua primeira vitória na Fórmula 1 antes dos 23 e de 150/1 para o seu primeiro título até aos 25.
A conversa telefónica com Ron Dennis aconteceu em 1998, seis anos antes do ‘previsto’, e foi o ‘patrão’ da McLaren a ligar ao jovem piloto, que somava vitórias atrás de vitórias, para o contratar para o programa juvenil da McLaren-Mercedes.
Hamilton chegou em 2002 à Fórmula Renault, campeonato que ganhou em 2003, para rumar, em 2004, à Fórmula 3 Euroseries. Também ganhou no segundo ano. Seguiu-se a GP2 Series e, desta vez, o triunfo aconteceu logo na estreia, em 2006.
O que há muito parecia inevitável, o seu ingresso na Fórmula 1, aconteceu em 2007, para fazer equipa na McLaren com o então bicampeão em título, o espanhol Fernando Alonso.
O impacto de Hamilton foi imediato e foi por muito pouco que não se sagrou campeão mundial na estreia, culpa de um problema mecânico na última corrida, para a qual partiu na liderança - perdeu por um ponto, para o finlandês Kimi Räikkönen.
Ainda assim, continua a ser hoje o piloto que mais pontos somou em época de estreia (109) e o que mais vitórias alcançou (quatro), recorde que partilha com o canadiano Jacques Villeneuve, sendo ainda o mais jovem líder do Mundial, com 22 anos e 126 dias.
Bernie Ecclestone, que durante décadas foi o patrão da Fórmula 1, comentava antes da corrida mexicana que Hamilton "é o melhor" e que os atuais responsáveis pela disciplina "não se podem dar ao luxo de o perder nos próximos anos". "É um fenómeno. É o melhor, em diversos níveis. Está cada vez melhor sob pressão e faz mais pelo fenómeno mundial da F1 do que qualquer outro", frisou Ecclestone.
Nem por acaso, logo depois de cortar a meta já como pentacampeão, ouviu pela rádio o amigo e estrela de cinema Will Smith a incentivá-lo. "É assim que se faz. Foi tal e qual eu te ensinei", disse o ator norte-americano, uma das figuras presentes no circuito mexicano.
Esse é o mundo de Hamilton, considerado uma verdadeira estrela de rock dentro do ‘Grande Circo’.
Para além dos dotes ao volante, tem mantido uma atividade permanente nas revistas cor de rosa. Seja pelos relacionamentos mais ou menos conhecidos (as cantoras Nicole Scherzinger e Nicky Minaj são dois exemplos).
Nas horas livres, que são cada vez menos devido aos compromissos publicitários, gosta de se dedicar à música, sob o pseudónimo XNDA. "A minha ética de trabalho é a mesma das corridas. Mas aqui consigo ser eu próprio", confessava, em 2015. Este ano, fez a estreia no álbum de Christina Aguilera, "Liberation", com uma participação na música "Pipe".
Hamilton é também o piloto que mais dinheiro ganha, mesmo quando não é campeão. Este ano, segundo números da revista Forbes, aumentou o rendimento de cerca de 38,9 milhões euros para perto de 43,2 milhões de euros. São 35,5 milhões de euros em salários e 7,6 milhões de euros em patrocínios, valores que agora poderão disparar.
Paulo Reis Mourão, docente de Economia na Universidade do Minho, que estudou a economia da Fórmula 1, considera que "pertencer ao restrito lote dos pentacampeões não é para todos e isso coloca o patamar dos prémios associados e da renovação dos termos com a Mercedes em valores muito altos".
Considerado o ‘MVP’ da F1 nos últimos seis anos, o britânico não tem, para já, concorrência à altura na sombra que projeta.
Aos 33 anos, o estatuto de melhor piloto de sempre ainda está ao alcance.
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