O nome famoso de Mick Schumacher pode ter ajudado a acelerar pelos escalões mais baixos do desporto motorizado, mas também lhe colocará mais pressão quando ele fizer a sua estreia na Fórmula 1 no próximo domingo.

Mick, filho do sete vezes campeão mundial Michael, vai conduzir na equipa norte-americana Haas no Grande Prémio do Bahrein, prova que abre a época.

Schumacher, de 22 anos, conquistou a sua oportunidade depois de vencer o campeonato europeu de Fórmula 3 em 2018 e o título de Fórmula 2 em 2020.

O seu famoso nome ajudou a Haas a encontrar patrocínios, mas o jovem alemão parece ter os planos de carreira a longo prazo bem definidos.

Mick faz parte da academia da Ferrari, onde o seu pai venceu cinco dos sete títulos mundiais conquistados.

Haas e Ferrari dividem entre si o salário de Mick Schumacher e, se ele mostrar o que vale, parece destinado a correr no famoso carro vermelho da companhia de Maranello.

"O nome Schumacher é uma marca, mas é uma marca ligada ao primeiro nome Michael", Herve Bodinier, profissional do marketing desportivo e especialista em Fórmula 1, explicou à Agence France-Presse (AFP).

"A Ferrari e os outros não são patronos, Mick terá de escrever a sua própria história".

Um 'denso nevoeiro' rodeia o estado de saúde de Michael Schumacher. O ex-piloto de 52 anos não é visto em público desde que um acidente de esqui, nos Alpes Franceses em 2013, no qual Mick estava presente, deixou a lenda da Fórmula 1 com lesões cerebrais graves.

Agora, 15 anos depois da última corrida do pai pela Ferrari, Mick traz de volta um dos mais famosos nomes do desporto motorizado à Fórmula 1.

O 'hype' tem vindo a crescer nas últimas semanas. De acordo com um inquérito, 35 por cento dos subscritores da Sky Alemanha afirmam que vão ver mais Fórmula 1 se Mick Schumacher estiver ao volante.

O canal alemão baseou toda a campanha publicitária de pré-época à volta do piloto alemão, que fez 22 anos na passada segunda-feira.

Passos de família

"A sua chegada é um 'boost' para a Fórmula 1, o seu nome atrai muitas atenções e todo o desporto beneficia disso", admitiu Stefano Domenicali, o chefe da Fórmula 1, próximo da família Schumacher.

Contudo, Schumacher já foi avisado que o seu apelido traz pressão extra.

"Não é fácil ser 'o filho de'", disse o campeão mundial Nico Rosberg, que venceu o título de F1 34 anos depois do seu pai Keke Rosberg, à Sport1.

"Ao início a atenção dos media nele será maior que em Lewis Hamilton [campeáo mundial]".

Desde as suas primeiras voltas em karting, os media sempre tiveram interesse em Schumacher.

Subiu ao longo da Fórmula 3 e Fórmula 2, protegido por uma equipa que tornou 'taboo' perguntar sobre a saúde do pai.

"Ele foi criado numa concha, tem uma boa família e tornou a sua história dramática em força", disse Bodinier.

"Dêem-lhe tempo"

Ser um Schumacher ajudou.

"O seu nome abriu-lhe portas com certeza", disse Ross Brawn, diretor da F1 e amigo próximo da família Schumacher, "mas também lhe coloca muita pressão, sem dúvidas".

Pelo lado negativo, a atenção extra tem o potencial de tirar o espaço e tempo necessários para Schumacher se desenvolver no topo.

"Ele mereceu esta promoção. Atingiu o nível de um piloto da Fórmula 1 através da sua própria força, não pelo seu nome", disse Domenicali.

"Agora temos de lhe dar espaço para crescer, para aprender... e para seguiu numa curva de progressão normal".