O piloto francês Stéphane Peterhansel, múltiplo campeão no Rali Dakar, em motas e carros, considerou que a morte faz com que se coloque tudo em causa, mas falou da paixão de Paulo Gonçalves pelo seu desporto.

“Era alguém que conhecia os riscos, era a sua paixão. Isso pode atenuar um pouco o que sentimos. Ele [Paulo Gonçalves] partiu a fazer o que o apaixonava, o que é um pequeno consolo. Mas é difícil de ‘engolir’ de cada vez que acontece”, comentou Peterhansel.

O piloto português Paulo Gonçalves (Hero), de 40 anos, morreu hoje na sequência de uma queda durante a sétima de 12 etapas da 42.ª edição do Rali Dakar de todo-o-terreno, na Arábia Saudita.

Peterhansel, de 54 anos, conhecido como o “senhor Dakar” e que se estreou na conceituada prova em 1988, quando competia ainda em motas, categoria pela qual foi seis vezes campeão, e nos carros sete vezes, deixou várias questões.

“De cada vez [que morre alguém], surge a mesma questão. O que é que estamos a fazer aqui? Para quê? É realmente necessário competir? Não é a vida algo mais importante?”, questionou o piloto, referindo que as respostas não existem.

Com muitas edições do Dakar feitas, o piloto francês explicou ainda que, alguns meses depois, a paixão volta, “como um vírus” e, a cada vez, mais profundo.

Também Carlos Sainz, líder dos carros na atual edição, comentou hoje a morte do piloto português, referindo que todos sofreram uma “perda muito triste”, e Joan Barreda, que foi segundo na etapa em motas, falou na perda de um irmão.

“Ainda não posso acreditar no que aconteceu. Não sei o que dizer. Cuidaste de mim estes anos todos, como um irmão. Lembro-me imenso das horas que passámos sozinhos no deserto, a cuidar um do outro, separados por 100 metros, isso permanecerá sempre na minha alma. Adoro-te Paulo”, escreveu Barreda, com uma foto ao lado do piloto luso.

De acordo com a informação da Amaury Sport Organization (ASO), o alerta para a situação de Paulo Gonçalves foi dado às 10:08 horas locais, menos três em Lisboa.

Foi enviado de imediato um helicóptero que chegou junto do piloto às 10:16, tendo encontrado Paulo Gonçalves inconsciente e em paragem cardiorrespiratória.

"Depois de várias tentativas de reanimação no local, o piloto foi helitransportado para o hospital de Layla, onde foi confirmada a morte", referiu a organização.

Paulo Gonçalves participava no Dakar pela 13.ª vez desde 2006, ano de estreia na prova.