O nadador ucraniano Andrii Govorov, recordista mundial dos 50 metros mariposa, com uma marca de 22,27 segundos, afirmou hoje querer “igualar o seu melhor registo” para competir no “topo mundial”, após um mês a treinar em Portugal.
Em declarações à Lusa, o atleta de 30 anos realçou que, mais do participar nos Jogos Olímpicos Paris2024, a sua prioridade é “atingir o seu melhor nível”, depois de ter começado a treinar no Centro de Alto Rendimento do Jamor, no concelho de Oeiras, em 09 de janeiro e de ter consumado o acordo para representar o Vitória de Guimarães nas provas nacionais, hoje anunciado pelo clube vimaranense no sítio oficial.
“Já participei nos Jogos Olímpicos e lutei pelas medalhas no Rio2016 [quinto classificado nos 50 metros livres]. Para já, não estabeleço sequer como objetivo ir a Paris2024. O meu objetivo é igualar o melhor registo pessoal. Se igualar o meu melhor, estarei provavelmente entre o topo mundial”, realçou.
Recordista mundial desde 01 de julho de 2018, dia em que obteve a melhor marca dos 50 metros mariposa, no Troféu Internacional Sette Colli, em Roma, o nadador crê que é possível “voltar à melhor forma”, depois de se ter submetido a uma cirurgia ao ombro no final de 2019.
“É preciso tempo para recuperar. Estou convicto de que, com o novo treinador, posso igualar os meus melhores registos”, disse, a propósito do trabalho com o selecionador de Portugal, o brasileiro Alberto Silva, em curso desde 09 de janeiro de 2023.
Com a invasão a larga escala da Ucrânia pela Federação Russa, lançada em 24 de fevereiro de 2022, Andrii Govorov teve “dificuldades em encontrar um lugar para treinar” ao longo do ano passado, trabalhou com cinco treinadores em busca da “melhor maneira de render” e viu-se impedido de “voltar à sua casa”, em Dnipro, cidade situada no leste do seu país.
O seu treinador principal entre 2015 e 2021, o brasileiro Arilson Soares da Silva, aconselhou-o a trabalhar com o compatriota Alberto Silva, razão pela qual o velocista ucraniano perguntou ao selecionador nacional se podia treinar em Portugal.
“O Alberto deu-me a oportunidade de treinar aqui, com o apoio da Federação Portuguesa de Natação e do seu presidente, António Silva. Tive uma receção muito boa. Portugal é um bom local para treinar para os Jogos Olímpicos. A equipa é sobretudo composta por velocistas. É importante, para mim, encontrar atletas com os quais possa treinar”, destacou.
Depois de Alberto Silva lhe indicar os “vários clubes” que poderia representar nas competições nacionais, a começar pelo campeonato da I Divisão Nacional de clubes, agendado para 06 e 07 de abril, Andrii Govorov escolheu o Vitória de Guimarães, clube que se vai estrear no principal escalão, após conversar com o treinador dos vimaranenses e antigo nadador, Rui Costa.
“Compreendemo-nos bem. Percebi que não só o facto de representar o clube, mas também o meu conhecimento poderiam ajudar. Pensei sobre as condições em que iria trabalhar e desloquei-me a Guimarães. Encontrei um clube com boas pessoas, num sítio muito agradável. Poderemos criar uma boa parceria para alcançar melhores resultados para o clube”, disse.
Nascido em Sebastopol, cidade da península da Crimeia, hoje sob controlo russo, Andrii Govorov radicou-se em Dnipro aos 13 anos, para treinar numa “escola olímpica” de natação, e disse querer “fazer o melhor para ajudar o seu país”.
“Foi um grande choque para nós e para todo o mundo civilizado, porque ninguém queria acreditar que a Rússia pudesse atacar de forma tão violenta, matando civis, num país que eles diziam ser uma nação irmã. Eu sou natural do leste da Ucrânia, onde se fala russo, e posso garantir que, de onde venho, 99% da população não apoia a Rússia e esta guerra”, vincou, em declarações publicadas no sítio oficial do Vitória de Guimarães.
Andrii Govorov referiu ainda, aos meios do clube minhoto, ter o “dever” de representar a Ucrânia “ao mais alto nível” no desporto, “uma das principais formas de representação nacional não violenta”.
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