Michael Phelps, o mais titulado atleta olímpico de sempre, deu um testemunho à ESPN em que fala das dificuldades que tem sentido em lidar com a incerteza da pandemia da COVID-19. O antigo nadador norte-americano, recorde-se, passou por momentos difíceis ao longo da sua carreira, tendo lutado contra períodos de depressão e sentimentos suicidas.

"Querem saber a minha verdade? Como estou a lidar com a quarentena e uma pandemia global? Vamos colocar isto assim: ainda estou a respirar", começa por dizer. "O meu humor anda de um lado para o outro. A pandemia tem sido das coisas mais assustadoras que já passei. Fico grato por eu e a minha família estarmos bem e por não ter de me preocupar com pagar contas ou meter comida na mesa como tanta gente. Mas ainda assim, estou com dificuldades", confessa.

"A questão é - e as pessoas que vivem com um problema de saúde mental sabem como é - isto não desaparece simplesmente. Temos bons dias e maus dias (…) A pandemia tem sido um desafio que não estava à espera. Toda esta incerteza. Estar enfiado numa casa. E todas as questões, são tantas as questões. Quando é que isto acaba? Como ficará a nossa vida quando isto chegar ao fim? Estou a fazer de tudo para estar a salvo? A minha família está a salvo? Isto deixa-me maluco (…) As minhas emoções estão descontroladas, estou sempre no limite, sempre na defensiva", diz ainda Phelps.

"Nunca me senti tão esmagado em toda a minha vida", acrescenta o antigo nadador, que tem procurado combater esta condição através do exercício físico.

"Tenho de ir ao ginásio todos os dias, pelo menos, durante 90 minutos. É a primeira coisa que faço. E há dias em que não quero ir. Mar forço-me a ir. Sei que é pela minha saúde mental, tal como é pela minha saúde física. Se falho um dia, é um desastre. Entro numa espiral negativa na minha cabeça. Quando isso acontece, sou a única pessoa que acabar com isto. Geralmente não acaba depressa. Deixo a coisa andar, como que para me castigar. É o que acontece quando cometo um erro ou chateio alguém, acho sempre que a culpa é minha e descarrego em mim próprio. Quando isto acontece dia após dia, as coisas ficam assustadoras. E é assim que tem sido esta quarentena grande parte do tempo", sublinha.