O presidente do Técnico disse hoje que a assembleia geral para reintegrar o clube na Divisão de Honra é uma “saída airosa” da Federação de râguebi, que garante ter de ser esse órgão a “ratificar” a decisão.
A mesa de assembleia geral (AG) da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) anunciou na terça-feira uma convocatória extraordinária para 08 de novembro, para votar uma “proposta de integração do Clube de Rugby do Técnico na Divisão de Honra na época 2023/24”, já em curso.
“A FPR está a tentar uma saída airosa com esta AG, que não tem poder de tomar uma decisão, que é da responsabilidade da direção da FPR. As decisões dos tribunais foram claras e inequívocas. Não precisavam de convocar a AG, mas se isso lhes dá conforto, não nos opomos a que o façam”, comentou Pedro Lucas, em declarações à agência Lusa.
Contactado pela Lusa, o presidente da FPR, Carlos Amado da Silva, frisou que “tem de ser a AG a ratificar” o pedido de reintegração do Técnico e eventuais compensações pela desclassificação administrativa em 2022, julgadas procedentes, há menos de um mês, pelo Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa (TACL).
“Cumpriremos sempre, mas não decidimos nada do foro judicial. Decidimos questões desportivas, na sede dos órgãos próprios. Nem sequer compreendo a decisão do tribunal, porque não podemos readmitir pessoas nem clubes. Tem de ser a AG a ratificar e a direção cumprirá aquilo que a AG decidir”, vincou Amado da Silva.
Sobre a reintegração dos ‘engenheiros’ num momento em que o principal escalão competitivo português já terá decorridas quatro jornadas, o dirigente assumiu que será uma questão de o Técnico “fazer quatro jogos” em atraso e lembrou que a AG “terá consciência” disso quando tomar uma decisão.
A AG de 08 de novembro irá ainda “apreciar e deliberar sobre possível apoio” ao Técnico após o “término de todos os litígios” entre as duas partes nos tribunais.
Pedro Lucas fala em prejuízos “superiores a um milhão de euros” para o clube, mas revela disponibilidade dos ‘engenheiros’ para alcançar um acordo favorável para ambas as partes.
“Já houve algumas trocas de correspondência, nesse sentido, entre ambas as partes. Estamos na disposição de aligeirar um bocadinho, mas não nos podemos esquecer que os prejuízos são enormes”, reclamou Pedro Lucas.
Em abril de 2022, a FPR desclassificou o Técnico da Divisão de Honra de 2021/22 e despromoveu os 'engenheiros' ao terceiro e último escalão competitivo nacional por alegada utilização irregular de nove jogadores num encontro com o CDUL.
O Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) anulou, em agosto desse ano, as decisões da direção e do CD da FPR, que recorreu para o Tribunal Central Administrativo do Sul (TCAS).
Em fevereiro, o TCAS rejeitou o recurso da FPR relativamente à decisão do TAD e negou as alegações da FPR sobre a incompetência do TAD para decidir sobre a questão.
Em 11 de outubro, o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa (TACL) julgou procedentes os pedidos do Técnico para ser reintegrado na Divisão de Honra do campeonato português e para ser ressarcido pela desclassificação em 2021/22.
O TACL notificou, ainda, o Técnico e a Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) para "no prazo de 20 dias acordarem o montante da indemnização devida pela inexecução" da decisão do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), de agosto de 2022, que determinava que o Técnico pudesse concluir a Divisão de Honra de 2021/22 e disputar a competição na época de 2022/23.
O Técnico é um dos clubes históricos do râguebi português, tendo sido fundado em 1963.
Com sede nas Olaias, os 'engenheiros' somam, a nível sénior, três títulos de campeões nacionais (1981, 1998 e 2021), quatro edições da Taça de Portugal (1969, 1971, 1973 e 1994) e uma Supertaça (1994).
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