A França procura, a partir de domingo, prolongar a sua maior série vitoriosa de sempre para revalidar o título do torneio das Seis Nações de râguebi, mas enfrenta a Irlanda e a sua própria ambição como principais obstáculos.

Os ‘bleus’ não perdem há 13 jogos, desde novembro de 2021, e completaram, pela primeira vez na sua história, um ano civil sem qualquer derrota, período no qual bateram todas as outras seleções do top 10 do ranking mundial.

Mas, os resultados tangenciais frente a Austrália (30-29) e África do Sul (30-26), em novembro de 2022, alarmaram o seu selecionador, que já procurou ‘despertar’ os jogadores.

“Vamos defender um título [no torneio das Seis Nações] ou vamos conquistar um título? Esta é a pergunta que vamos ter de colocar a nós mesmos e que nos vai dar uma visão abrangente”, atirou Fabien Galthié, há cerca de uma semana, na apresentação do torneio.

É que a França deseja, acima de tudo, conquistar o seu primeiro título de campeã mundial, em outubro, quando receber pela segunda vez a maior competição mundial da modalidade no ‘hexágono’.

Precisa, para isso, de uma demonstração de força no torneio das Seis Nações, para reforçar o seu estatuto de favorita e confirmar que está no caminho certo.

“Porque quando pegámos nesta equipa, há três anos, dissemos que queríamos começar rapidamente a ganhar jogos, a ganhar títulos e voltar a ser novamente uma potência do râguebi mundial. Isso foi há três anos e ainda estamos a trabalhar na estrutura que começámos a montar então”, advertiu Galthié.

Os ‘receios’ do treinador que, em 2022, recuperou o título do Seis Nações, que escapava aos ‘bleus’ há 12 anos, assentam bastante no calendário da competição deste ano, que contempla três deslocações, a segunda das quais à Irlanda, na segunda jornada.

Há um ano, no Stade de France, uma vitória por 30-24 sobre a equipa de Andy Farrell começou a escrever o destino do melhor jogador do mundo em 2021, o francês Antoine Dupont, e a visita ao Aviva Stadium, em Dublin, no próximo dia 11 de fevereiro, deverá revelar-se novamente decisiva.

É que apesar da série vitoriosa dos franceses, é a Irlanda que lidera o ranking da World Rugby, fruto de uma campanha que conheceu apenas duas derrotas nos últimos 19 encontros, uma das quais na Nova Zelândia (30-24), no último verão, outra, a tal que permitiu à França ‘escapar’ rumo ao título do Seis Nações do ano passado.

A favor das ‘tropas’ de Galthié poderá, no entanto, jogar o grau de dificuldade das deslocações da primeira jornada. A França vai a Itália, certamente, cumprir a formalidade de somar o ponto de bónus ofensivo, enquanto a Irlanda visita o País de Gales, onde não vence há 10 anos.

Esse encontro, no Principality Stadum, em Cardiff, poderá revelar bastante sobre a capacidade irlandesa para assumir a candidatura ao título, mas também sobre o ‘novo’ País de Gales, novamente sob o comando de Warren Gatland.

Quatro vezes vencedor do torneio ao serviço dos galeses, Gatland substituiu Wayne Pivac, em janeiro, e veio tornar o País de Gales, novamente, num temível ‘outsider’.

Terá, no entanto, de provar em campo que eram as ideias do seu antecessor, que levou Gales ao título há apenas dois anos, que já estavam esgotadas.

A Inglaterra também recorreu à ‘chicotada psicológica’, em dezembro, mas a troca de Eddie Jones pelo seu antigo adjunto, Steve Borthwick, tem muito mais a ver com o Mundial do que com o sucesso no Seis Nações, onde a seleção da rosa será, este ano, uma equipa ‘em obras’ para o França2023.

A Escócia, que nunca ganhou o torneio desde que este passou de Cinco para Seis Nações, em 2000, manteve Gregor Townsend no comando, mas este já jogou a cartada motivacional de ser o seu último torneio, anunciando que irá sair após o Mundial. Um ‘trunfo’ que não deverá passar de uma ‘manilha seca’ à mercê dos rivais.

Por sua vez, a Itália chega entusiasmada pelo histórico triunfo (22-21) conseguido no País de Gales na última jornada do torneio, em 2022, mas a verdade é que, antes desse resultado, perdeu os 36 jogos anteriores na competição.

Os ‘azzurri’ são, por isso, favoritos para colecionarem a oitava ‘colher de pau’ consecutiva e a 18.ª em 24 edições, desde que passaram a integrar o torneio, em 2000.

O torneio das Seis Nações 2023 começa no sábado e prolonga-se até 18 de março, data prevista para a realização da quinta e última jornada da competição