O apuramento para o Mundial de râguebi França2023 pode inspirar uma nova geração da modalidade em Portugal, à imagem do que aconteceu em 2007, admitiram hoje vários elementos da seleção portuguesa, à chegada a Lisboa.

Com o ‘capitão’ Tomás Appleton à ‘cabeça’, o grupo foi recebido na zona das chegadas do Aeroporto Humberto Delgado por cerca de uma centena de pessoas, maioritariamente familiares e amigos, entre os quais muitas crianças que vestiam orgulhosamente camisolas da seleção.

“Se calhar faltava um bocadinho à comunidade de râguebi em Portugal ter alguém a quem pudessem olhar e, depois de muitos sacrifícios, conseguimos finalmente marcar uma posição entre os melhores do mundo. E o facto de termos conseguido este objetivo é a melhor coisa que podíamos, porque conseguimos inspirar uma nova geração”, assumiu Appleton.

‘Engolido’ pela comunicação social presente no aeroporto mesmo antes de ter tido tempo de matar saudades da família, o jogador do CDUL cedeu, depois, os ‘holofotes’ a Jerónimo Portela, precisamente um descendente da geração de 2007.

O médio de abertura que, segundos antes de Samuel Marques converter a penalidade que colocou Portugal no Mundial, tentou resolver o apuramento, frente aos Estados Unidos, com um pontapé de ressalto a mais de 40 metros da linha, mas acertou no poste, é filho de Miguel Portela, que disputou o Mundial2007 por Portugal.

“Comecei a jogar râguebi logo a seguir ao meu pai ter ido ao Mundial e desde essa data que tenho este sonho de ir ao Mundial. Tive a sorte de agora o Mundial calhar também em França e apurarmo-nos outra vez. É um sonho tornado realidade”, assumiu o Portela mais novo, de 22 anos, que tinha seis quando o pai disputou o Mundial de França2007.

A geração do pai Portela foi, de resto, decisiva para que a de hoje tivesse o sucesso que está a viver, mas João Mirra, treinador-adjunto do francês Patrice Lagisquet, frisou que “é um erro fazer comparações entre gerações” diferentes.

“Eles foram os primeiros e, sem eles terem aberto esse caminho, nós certamente não estávamos aqui. Eles chegaram lá sem nós. Nós, sem eles, não íamos chegar. Por isso, também uma palavra para eles”, agradeceu o técnico português.

A seleção portuguesa de râguebi garantiu, na sexta-feira, o apuramento para o Mundial de râguebi França2023, após empatar com os Estados Unidos (16-16), graças a uma penalidade convertida por Samuel Marques no último lance do encontro do torneio final de repescagem, no Dubai.

Esta é apenas a segunda vez que Portugal vai disputar o Campeonato do Mundo de râguebi, após a única e histórica participação, em 2007, também em França.

A seleção portuguesa vai integrar o Grupo C do Campeonato do Mundo, com País de Gales, Austrália, Ilhas Fiji e Geórgia.

O Mundial de râguebi de 2023 realiza-se em França, de 08 de setembro a 28 de outubro.