A seleção portuguesa de râguebi estreou-se hoje no Mundial de França2023 com um ensaio marcado ao País de Gales, mas perdeu por 28-8 e nunca esteve perto de surpreender pelo resultado, embora o tenha feito pela exibição.
O ensaio de Nicolas Martins, aos 63 minutos, que reduziu o marcador para 21-8, ainda alimentou as esperanças de milhares de adeptos portugueses nas bancadas do Stade de Nice, mas soube a pouco frente a um adversário sólido e que provou ser mesmo de outro nível.
Os ‘lobos’ repartiram o domínio territorial com os galeses (50%-50%), igualaram na percentagem de sucesso das placagens (78% para cada equipa) e superiorizaram-se na quantidade das mesmas (167-114), como é natural face à esperada maior posse de bola do adversário (57%-43%).
A equipa orientada por Patrice Lagisquet equilibrou também nas conquistas nas fases estáticas (18-18) e levou a melhor nos ‘turnovrs’ ganhos (7-5) e nos roubos de bola no alinhamento (2-1).
Só que a seleção lusa começa a ser conhecida internacionalmente pela velocidade e criatividade das suas linhas atrasadas e os britânicos não deram ao ‘três de trás’, composto por Rodrigo Marta, Vincent Pinto e Nuno Sousa Guedes, quaisquer espaços para furar a sua linha defensiva.
A criatividade, no entanto, esteve na mesma na origem do ensaio português, a partir de um alinhamento conquistado nas ‘alturas’ por Martim Belo, que, em vez de libertar a bola para o formação, entregou no espaço fechado a Nicolas Martins e surpreendeu a defesa galesa.
No entanto, Portugal perdeu o ‘comboio’ do marcador quando não podia, em cima do intervalo, após ensaios de Louis Rees-Zammit (09) e Dewi Lake (40+3), que colocaram o marcador em 14-3, resultado algo lisonjeiro para o País de Gales nesse momento.
É que os ‘lobos’ não acusaram a estreia num palco mundial, com cerca de 35 mil espectadores, maioritariamente galeses, só que não mantiveram a concentração até ao apito do intervalo e isso custou o toque de meta de Lake, instantes depois de o videoárbitro ter anulado um ensaio a Johnny Williams, e isso deu maior tranquilidade aos ‘dragões vermelhos’ para a segunda parte.
Ainda antes do ensaio português, os galeses voltaram a cruzar a linha, por Jac Morgan, e depois disso tiveram sempre o controlo das operações, restando a Portugal pouco mais do que tentar surpreender em rasgos individuais ou a consolação de evitar que o adversário conseguisse o ponto de bónus ofensivo.
Mas o quarto ensaio do País de Gales chegou mesmo por Taulupe Faletau (80+3), quando Portugal já jogava em inferioridade numérica devido a um cartão amarelo a Vincent Pinto (77), por uma ação negligente, depois alterado para vermelho pelo videóarbitro.
No final, a diferença de 20 pontos ajusta-se, não deslustra a qualidade da equipa portuguesa, mas, mais devido a erros próprios e alguma inexperiência, a seleção perdeu uma excelente oportunidade para surpreender mesmo o mundo da bola oval, nem que fosse por uma diferença menor no marcador e obrigando os galeses a sofrer mais do que efetivamente sofreram para vencer.
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