O Técnico acusou hoje a Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) de não cumprir as decisões do Tribunal Arbitral do Desporto e apelou à intervenção do Governo para obrigar à reintegração do clube no principal escalão competitivo nacional.

“As autoridades do país também têm voto na matéria nestas questões e achamos que o secretário de Estado da Juventude e do Desporto [João Paulo Correia] podia e devia ter tido uma posição sobre isto”, disse o presidente do Técnico, em conferência de imprensa, em Lisboa.

Em abril, a FPR desclassificou o Técnico da Divisão de Honra de 2021/22 e despromoveu os ‘engenheiros’ ao terceiro e último escalão competitivo nacional por alegada utilização irregular de nove jogadores num encontro com o CDUL.

O Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) anulou, em agosto, as decisões da direção e do Conselho de Disciplina (CD) da FPR, que recorreu para o Tribunal Central Administrativo do Sul (TCAS) e deu início ao campeonato, em 08 de outubro, sem a participação do Técnico.

“Temos uma instituição de utilidade pública que não cumpre as decisões de um tribunal do país [TAD]. E temos um secretário de Estado que devia e podia tomar uma posição, que não tomou”, apontou o líder do clube das Olaias.

O Técnico, de resto, fez “uma exposição” do assunto à secretaria de Estado competente, pediu “uma audiência” e os dirigentes do clube estiveram, nesse âmbito, ”com o chefe de gabinete” de João Paulo Correia, confirmou Pedro Lucas.

Os dirigentes dos ‘engenheiros’, além disso, garantiram nunca ter tido dúvidas sobre “a razão” do clube durante todo o processo que opõe o Técnico à FPR e reiteraram ter cumprido os regulamentos.

Segundo Pedro Lucas, “se um jogo for adiado pela FPR, os clubes podem utilizar os jogadores que estejam bem inscritos à segunda data” marcada para a realização da partida e o Técnico informou previamente o organismo de que iria “jogar de acordo com os regulamentos”.

“[Se o adiamento fosse feito] por acordo entre os clubes, teríamos de jogar com os jogadores aptos na primeira data. Mas depois de o CDUL não aceder [ao pedido de adiamento do Técnico devido a um surto de covid-19 no plantel], nós dissemos claramente que iríamos deixar isso para a FPR que, ou adiava o jogo, de acordo com as regras existentes, ou teríamos falta de comparência, porque não tínhamos jogadores para jogar”, explicou Pedro Lucas.

Em 20 de abril, o Conselho de Disciplina (CD) da FPR considerou procedente um protesto do CDUL que alegava que o Técnico tinha utilizado nove jogadores de forma irregular no encontro entre as duas equipas, em 23 de março, infringindo o artigo 37.º, n.º 1 a) do Regulamento de Disciplina.

Dez dias depois, em 30 de abril, a direção da FPR decidiu aplicar a decisão do CD, após receber um recurso do Técnico, desclassificando os, então, ainda campeões nacionais e despromovendo-os ao último escalão competitivo português, decisão suportada mais tarde pelo Conselho de Justiça, ao considerar improcedente um recurso dos 'engenheiros'.

Em 17 de agosto, o TAD anulou as decisões da direção da FPR e do seu Conselho de Disciplina, mas a FPR recorreu da decisão para o TCAS e anunciou, entretanto, o início da Divisão de Honra 2022/23, principal escalão competitivo nacional, em 08 de outubro, sem a inclusão dos 'engenheiros', que avançaram com uma providência cautelar no TAD para impedir o início da competição.

A providência cautelar foi, entretanto, rejeitada pelo TAD, que se considerou "incompetente" para fazer cumprir a sua própria decisão, mas o Técnico reencaminhou o expediente para o Tribunal Administrativo de Círculo (TAC), que rejeitou hoje a sua execução.

O Técnico é um dos clubes históricos do râguebi português, tendo sido fundado em 1963.

Com sede nas Olaias, os 'engenheiros' somam, a nível sénior, três títulos de campeões nacionais (1981, 1998 e 2021), quatro Taças de Portugal (1969, 1971, 1973 e 1994) e uma Supertaça (1994).