Portugal tem o caminho “facilitado” para o Mundial de râguebi de 2027, a disputar na Austrália, considerou hoje o capitão Tomás Appleton, ressalvando que “tudo pode acontecer” com o modelo de qualificação anunciado hoje pela World Rugby.
“Comparativamente com o processo que levou a 2023, é mais acessível para Portugal. O caminho vai ser facilitado, mas, da mesma forma que é mais fácil para nós, também é para os outros”, advertiu o centro dos ‘lobos’ em declarações à agência Lusa.
O Rugby Europe Championship 2025 (REC25) vai qualificar diretamente os quatro primeiros classificados para o Mundial Austrália2027, anunciou ontem o organismo que tutela a modalidade a nível internacional.
Portugal, vice-campeão das últimas duas edições do Europeu, disputa o Grupo B frente Bélgica (casa), Alemanha (casa) e Roménia (fora), anunciou, entretanto, a Rugby Europe.
De acordo com Appleton, a seleção portuguesa tem atualmente “um estatuto e uma responsabilidade diferentes”, mas terá de ser muito “cautelosa” e demonstrar “muito respeito” pelos rivais.
Os três jogos da fase de grupos serão disputados nos primeiros três fins de semana de fevereiro de 2025. Assim, Portugal (15.º classificado do ranking mundial), recebe a Bélgica (30.º) em 01 de fevereiro, a Alemanha (31.º) em 08 e visita a Roménia (20.º) em 15 ou 16 desse mês, de acordo com a Federação Portuguesa de Rugby (FPR).
“Quando tudo se resume a tão poucos jogos, tudo pode acontecer. Temos de estar bem focados para assegurar desde logo o apuramento”, delineou Appleton.
O discurso confiante e cauteloso, ao mesmo tempo, encontra eco no presidente da FPR, que considerou o modelo “vantajoso para Portugal”, apesar de “um pouco antidesportivo” porque “todos deviam jogar contra todos em casa e fora”.
Mas “já que não decidiram assim, do mal o menos”, disse Carlos Amado da Silva à agência Lusa, lembrando que, em apenas três jogos, “ao mínimo descuido, qualquer equipa pode ficar eliminada”.
“Mas pesando bem as circunstâncias, estamos numa posição favorável. Se jogarmos como sabemos e podemos, iremos seguramente qualificar-nos pela segunda vez consecutiva, o que será um marco histórico e de afirmação para o râguebi português”, destacou o líder federativo.
Por outro lado, se Portugal conseguir qualificar-se já em fevereiro de 2025, mais de dois anos e meio antes do Austrália2027, toda a planificação e preparação serão beneficiadas.
“Claro que sim, seria muito bom para nós. Nesse caso, temos de ir para o Mundial com outras aspirações”, admitiu Amado da Silva.
Instado a concretizar as “aspirações”, o presidente da FPR assumiu que, depois de alcançar a primeira vitória de sempre numa fase final, frente às Fiji (24-23), no França2023, tudo o que não seja “passar a fase de grupos” no Austrália2027 será “andar para trás”.
“Naturalmente que é mais difícil, mas os objetivos têm de ser traçados numa perspetiva de evolução e melhoria das equipas. E, nesse sentido, Portugal pode estar em 2027 melhor do que em 2023”, definiu o presidente da FPR.
Questionado no mesmo sentido, Tomás Appleton acrescentou que “não foi só ganhar um jogo”, uma vez que Portugal conseguiu também um empate (18-18), com a Geórgia, e terminou o Grupo C do França2023 “em quarto lugar, contra todas as expectativas”.
“No próximo Mundial queremos estar ainda melhores, mas o nosso ponto de partida é muito mais alto. Queremos ser ambiciosos, chegar a esse Mundial de 2027 para chocar o mundo outra vez, mas temos de continuar a trabalhar com os pés bem assentes na terra”, concluiu o capitão da seleção portuguesa.
A seleção portuguesa de râguebi participou em apenas duas das 10 edições do Campeonato do Mundo de râguebi, ambas em França, em 2007 e 2023, conseguindo na última das quais a primeira vitória de sempre, ao bater as Fiji (24-23) no último jogo da fase de grupos.
O Campeonato do Mundo Austrália2027 disputa-se entre 01 de outubro e 13 de novembro de 2027.
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