O surfista Frederico Morais arranca para a nova época cheio de confiança na requalificação para o circuito mundial (CT), garantindo que já superou a frustração da despromoção e que está pronto para enfrentar os desafios que 2019 lhe reserva.
"Foram dois anos [no CT] muito especiais, em que aprendi muito, como atleta, como pessoa e como surfista. Quero lá voltar para ficar mais uns bons anos, se Deus quiser", realçou ‘Kikas’, em entrevista à agência Lusa, admitindo que foi "superfrustrante" a despromoção para o circuito de qualificação (QS).
O surfista do Guincho terminou a última temporada no 23.º lugar do CT, o primeiro lugar que não garantia a continuidade entre a elite, depois de uma primeira época em que terminou na confortável 14.ª posição.
"Foi difícil lidar com isso, encaixar tudo na cabeça e digerir tudo. Mas faz parte e uma pessoa tem que aprender a lidar com isso. Nós, atletas, vivemos muito disso, de derrotas e de vitórias. Se soubermos lidar com isso vamos ser muito melhores, não só como atletas, mas também psicologicamente aprendemos a lidar com os nossos problemas. Foi assim que eu tentei lidar com aquele momento e acho que já consegui ultrapassar. Estou bem e estou pronto para este novo ano", assinalou.
Certo é que Frederico Morais, o único português que correu o CT no ano passado e apenas o segundo da história - depois de Tiago ‘Saca’ Pires - contou com o apoio incondicional dos adeptos de surf portugueses durante a sua estadia no CT.
"Senti isso o ano inteiro. É uma coisa que eu tenho a agradecer é o apoio dos portugueses, não só em Portugal ou numa etapa, mas o ano inteiro, a cada 'heat' [bateria], a cada momento. E isso é muito especial", sublinhou, destacando que a lesão que sofreu no Havai na reta final da temporada passada o condicionou bastante na última prova, disputada em Pipeline.
Admitindo que nessa etapa havia uma "pressão extra", o atleta vincou que se estivesse com o pé esquerdo "impecável" poderia ter saído de um tubo na última bateria disputada na mítica prova havaiana que lhe poderia ter garantido a continuidade no CT.
"É como o meu pai me diz, às vezes é preciso dar um passo atrás para dar dois para a frente. E voltar ao QS não tem mal nenhum. São só mais campeonatos e mais surf que eu vou fazer. Tenho mais oportunidades para viajar e conhecer o mundo. E competir, que é o que eu mais amo fazer. E requalificar-me, se Deus quiser", lançou.
Quanto aos objetivos para 2019, ‘Kikas’ só pensa na requalificação para o CT e quanto mais rápido assegurar esse objetivo melhor.
"Rapidamente é muito melhor. Mas se tiver que guardar tudo para o Havai também não tem problema nenhum. Desde que no final do ano eu esteja requalificado, estamos ótimos", afirmou.
Questionado se, depois de se ter lesionado no pé esquerdo antes da última prova do ano passado, espera começar a nova temporada com o pé ‘direito’, Kikas admite que está com expectativas altas sobre a sua prestação na prova de Fernando de Noronha, no Brasil, que começa já na terça-feira.
"É um sítio que eu nunca fui. Acho que é lindíssimo e tem boas ondas, por isso, estou ansioso. Espero que o ano comece da melhor forma", frisou, demonstrando a sua felicidade por contar com a companhia de Vasco Ribeiro - surfista português que em 2018 esteve a um passo de se qualificar para o CT - nesta competição.
"Vamos os dois juntos [para o Brasil]. Vamos viajar juntos. E é bom, porque o Vasco é um ótimo amigo, uma ótima companhia de viagem, e vai ser um ano divertido porque vamos viajar juntos algumas vezes. O QS é um bocado solitário e ter alguém com quem se possa falar, jantar, brincar e rir um bocado, para esquecer aquele lado competitivo, é bom. Vai saber bem", destacou.
De resto, ‘Kikas’ acredita ser possível que os dois surfistas consigam este ano a classificação para o CT de 2020.
"Espero que sim, isso era ótimo para o nosso surf, em Portugal, e para os portugueses acho que era um orgulho enorme. Espero acabar o ano a festejar com o Vasco", vincou.
E a estratégia para atingir essa meta está definida por Frederico Morais, que vai competir em todas as etapas de 10 mil pontos e de seis mil pontos, bem como nas etapas que se vão disputar em Portugal, tendo referido à Lusa que tem um carinho especial pela etapa da Ericeira, que decorrer na praia de Ribeira d'Ilhas.
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