No Taiti, o francês Jérémy Florès voltou a surfar, depois de uma longa espera, graças ao aliviar das medidas de confinamento neste canto do Pacífico Sul, onde os mestres das pranchas voltaram a desfrutas das ondas.

"Foi como um balão de oxigénio! Foi realmente estupendo! O simples fato de voltar ao oceano... É muito raro para mim ficar tanto tempo fora de água. Estar no Taiti durante 48 dias e não surfar, sabendo que há ondas incríveis durante este confinamento, ... foi duro", afirma à AFP Florès, que vive no Taiti há três anos.

Florès é um surfista profissional, atual 10.º classificado no ranking mundial. Com os olhos a brilhar do seu primeiro banho 'pós-confinamento', em plena pandemia de COVID-19, o francês vai falando enquanto se prepara para domar a mítica onda de Teahupoo. São 5h30 da manhã nesta ilha da Polinésia francesa.

"Há uma grande ondulação no Taiti, de certeza que vamos ter grandes ondas. Por isso levanto-me cedo para apanhar as ondas antes que a praia fique cheia de gente", explica o surfista de 32 anos, um autêntico apaixonado pela aventura dentro do mar.

Entrar na água é possível no Taiti desde 29 de abril, um dia que Florès preferiu passar com a sua filha de dois anos no mar, antes de voltar no dia seguinte, desta vez acompanhado da fiel prancha.

Jérémy Florès, surfista francês
Jérémy Florès, surfista francês Jérémy Florès, surfista francês créditos: Jérémy Florès@Instagram

Muitos surfistas que o normal

"Há dez anos, se calhar teria tido um colapso se não pudesse surfar. Mas com a maturidade não fiquei desesperado [durante o isolamento]. Simplesmente queria voltar para o mar, sentar na minha prancha, só isso... sentia falta disso, de estar no mar", admite.

Hari Teriinatoofa, bicampeão mundial ISA (2004, 2010), "não tinha pressa para voltar ao mar", mas apressou-se para dar um mergulho assim que as autoridades deram a autorização.

"Já havia muitos surfistas na água, todos os que costumam chegar muito cedo. Na água não conversamos muito, ficamos bastante longe uns dos outros. A onda chega e só tens de a apanhar", conta Teriinatoofa, da Polinésia.

"Estamos felizes por poder sair, mas não esquecemos", afirma, em referência à crise sanitária provocada pelo coronavírus.

Teriinatoofa, que também trabalha como técnico da seleção francesa, programou rapidamente uma segunda sessão de surf.

"O mar não mudou, está aí e acredito que está feliz em nos rever!", brinca o taitiano, que já evita cumprimentar os colegas com beijos, contentando-se agora com cumprimentos com o cotovelo.

Pauline Ado preferiu o isolamento na Nova Zelândia

A quase 4.000 quilómetros de distância, Pauline Ado, que viajou no início de março para a Nova Zelândia para uma competição internacional, decidiu permanecer no país pelo facto de as medidas de confinamento serem menos severas que em França.

Desde 28 de abril, data em que o governo neozelandês aliviou as medidas de confinamento no país, Ado treina no mar todos os dias.

A sua primeira sessão de surf após o confinamento durou duas horas. E confessa que não foi nada fácil.

"O mecanismo de surfar estava um pouco 'enferrujado'. No surf, precisamos de tocar a água, sentir a sensação de estar a deslizar para alcançar o nosso nível. Quando passamos muito tempo fora de água, acabamos por perder esta sensação", explica a surfista francesa.

A surfista profissional, instalada agora em Oakura, perto de New Plymouth (sudoeste da ilha norte da Nova Zelândia), não prevê voltar para a sua casa em Anglet (sudoeste francês) até que as medidas de confinamento em França sejam menos duras, o que não deve acontecer até 2 de julho.

Apesar desta data prevista para a reabertura de praias em França, a Federação Francesa de Surf solicitou "uma solução provisória" para que se possa ter acesso ao mar para a prática desportiva individual a partir de 11 de maio.