Só um antigo campeão olímpico impediu hoje Portugal de alcançar as meias-finais do torneio de equipas de ténis de mesa em Londres2012, num confronto épico com a Coreia do Sul, que terminou com a vitória dos asiáticos, por 3-2.
Perante a segunda melhor equipa do “ranking” mundial e contra todas as expectativas, Marcos Freitas, João Pedro Monteiro e Tiago Apolónia foram uma grande dor de cabeça para o trio coreano, vice-campeão olímpico, chegando mesmo a estar em vantagem (2-1), mas acabaram por ceder nos dois últimos encontros.
Na “negra”, Marcos Freitas, o melhor português do “ranking” (31.º) e que antes tinha surpreendido o 10.º classificado, bem tentou, mas não teve armas para ultrapassar Ryu Seungmin, medalha de ouro em Atenas2004, acabando por perder por 3-1 (5-11, 6-11, 11-9 e 3-11).
Mesmo assim, os três portugueses asseguraram o quinto lugar e igualaram o feito da dupla de remadores Nuno Mendes e Pedro Fraga, naqueles que são os dois melhores resultados da missão, até agora, em Londres2012.
Com o decorrer da eliminatória, os mesatenistas lusos foram ganhando o respeito dos seus adversários e também do público que lotava o ExCel Centre, sendo cada vez mais audível os gritos de apoio por Portugal, principalmente depois do jogo de pares, em que Apolónia e Monteiro foram gigantes.
Com a eliminatória empatada e após terem perdido os dois primeiros “sets”, a dupla lusa protagonizou uma reviravolta épica frente a Ryu Seungmin e Oh Sangeun, batendo os coreanos por 3-2 (6-11, 10-12, 11-1 e 11-8 e 11-7), demonstrado que Portugal poderia mesmo passar às meias-finais.
Contudo, de seguida, Monteiro, que esteve em grande nível durante o jogo de pares, acabou por efetuar demasiados erros perante o excessivamente defensivo Joo Saehyuk e acabou derrotado por 3-1 (11-8, 6-11, 4-11, 10-12), deixando tudo na mão esquerda de Marcos Freitas, que também acabaria batido.
Mesmo perante uma ovação estrondosa do público após um jogo que durou mais de três horas, os portugueses abandonaram o recinto visivelmente abatidos com o resultado.
«Estivemos tão perto de ganhar à segunda seleção do mundo e de fazer história. Nós queremos sempre mais, até mesmo se ganhássemos agora e perdêssemos nas meias-finais íamos ficar tristes», desabafou Marcos Freitas.
O jogador madeirense frisou que Portugal “lutou de igual para igual” com umas das equipas mais fortes do Mundo.
«São os Jogos Olímpicos, o país está a ver e ficámos ainda mais chateados porque não conseguimos fazer ainda mais pelo nosso desporto, pela nossa modalidade», lamentou.
Este resultado deixou um «sabor amargo» a João Pedro Monteiro, que saiu do ExCel Centre «bem mais triste do que contente», enquanto Tiago Apolónia lamentou uma «grande chance perdida de ganhar à Coreia do Sul».
Visivelmente orgulhoso, o chefe da equipa lusa elegeu os três mesatenistas como os «novos heróis nacionais».
«Somos um pequeno país, mas em querer e vontade somos grandes. Não gosto de perder jogos nem a feijões, mas estes jogadores elevaram o ténis de mesa português ao mais alto nível. Foi brilhante e o quinto lugar é magnífico», afirmou Ricardo Faria.
O técnico madeirense espera que esta campanha em Londres2012 faça aumentar o interesse na modalidade e que garanta mais apoios a Freitas, Monteiro e Apolónia, três jogadores profissionais que atuam na Alemanha e França, mas que têm dificuldades financeiras para participar em torneios internacionais.
«Eles fazem as provas sozinhos, não há condições nem para levarem treinadores. Eles são profissionais, precisam de ter um ‘staff’ à volta deles, como treinadores e médicos. Precisam de mais apoio», explicou o técnico madeirense.
A atuação lusa nos quartos de final foi também surpreendente para os próprios sul-coreanos, que estavam à espera de “despachar” Portugal mais cedo.
«Não estávamos nada a espera de ter um jogo assim. Esperávamos fechar o jogo muito mais cedo. Portugal só tem três jogadores neste nível e se querem chegar mais longe têm que começar a investir mais para aparecerem mais jogadores e os que existem serem melhores», disse Joo Saehyuk.