Damásio Caeiro fez mais de 50 tentativas para construir a raqueta ideal para jogar ténis de mesa e, quando conseguiu “que mão e raqueta se fundissem”, sagrou-se vice-campeão mundial de doentes com Parkinson.
“Tinha muita dificuldade em pegar na raqueta, e decidi trabalhar na construção de uma própria. Fiz mais de 50 tentativas, mas finalmente consegui que mão e raqueta se fundissem”, contou Damásio Caeiro à agência Lusa, admitindo a possibilidade de registar a patente.
Foi com a raqueta adaptada - feita em madeira de mogno, que, em vez de um cabo convencional, tem uma placa com orifícios para os dedos -, que no sábado se sagrou vice-campeão mundial, nos Estados Unidos.
No primeiro campeonato para doentes com Parkinson da Fundação da Federação Internacional de Ténis de Mesa (ITTF), Damásio Caeiro, de 57 anos, foi apenas derrotado por Holger Teppe, que descreveu como “um alemão bem mais jovem e com poucas manifestações da doença”.
Damásio Caeiro jogava ténis de mesa regularmente “há mais de 30 anos” e continuou a jogar quando há seis anos lhe foi diagnosticada a doença de Parkinson, uma doença degenerativa e progressiva de áreas específicas do sistema nervoso central.
“Não consigo jogar como antigamente, porque a doença limita os movimentos, provoca rigidez muscular, diminui os reflexos e provoca falta de equilíbrio”, afirma, lembrando, no entanto, que o ténis de mesa “ajuda a atrasar a evolução da doença”.
Desempregado desde de que o Parkinson o impediu de conduzir e de exercer o trabalho de anos na distribuição de jornais e revistas, Damásio Caeiro joga ténis de mesa em duas associações – Clube Desportivo da Costa do Estoril e Grupo Musical e Desportivo 31 de Janeiro de Manique de Baixo –e participa em provas do circuito nacional de ténis de mesa adaptado.
Para participar na competição da ITTF, que decorreu em Nova Iorque, fez angariações de fundos no Facebook e recorreu à ajuda de amigos.
“Precisei de cerca de 1.500 euros e a federação portuguesa limitou-se a ceder-me alguns equipamentos”, afirmou, manifestando a esperança de voltar a participar na competição, que “no próximo deve disputar-se na Croácia”.
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