O tenista britânico Andy Murray anunciou hoje que se vai retirar dos campos este ano e admitiu que o Open da Austrália pode até ser seu último torneio por causa da lesão na anca que lhe prejudicou a carreira.

Murray, de 31 anos, que chegou a ser número um do mundo no ranking ATP, disse numa conferência de imprensa que tem treinado com o objetivo principal de fazer uma última participação em Wimbledon, onde venceu por duas vezes.

"Eu não me sinto bem. Passei os últimos 20 meses a lutar contra dores. Já fiz tudo o que podia fazer para me sentir melhor da anca. Wimbledon era onde eu gostava de terminar a minha carreira, mas não sei se o vou conseguir. Não sei se consigo aguentar estas dores mais quatro ou cinco meses", referiu o tenista britânico.

O escocês, emocionado, chegou mesmo a abandonar a sala a chorar, mas regressou para afirmar não tinha certeza sobre o tempo que poderia ainda jogar.

"Eu vou jogar [na Austrália]. Ainda posso jogar a um nível - não ao nível que eu estou satisfeito. (...) Mas também, não é só isso. A dor é demasiada", lamentou.

O tricampeão de torneios do Grand Slam vai disputar a sua primeira partida no Open da Austrália contra o número 23 do ranking, Roberto Bautista, numa prova em que foi finalista vencido em cinco ocasiões.

"Eu vou continuar a jogar, consigo-o até um certo nível, mas não ao nível em que sou feliz. Mas não se trata apenas disso, a dor é demasiada e eu não quero continuar a jogar assim", atirou.

"Eu consigo jogar com estas limitações, mas esta lesão e as dores tiraram-me o prazer de competir ou de treinar", desabafou.

Murray foi submetido a uma cirurgia à anca em janeiro de 2018. Depois de duas breves tentativas para regressar, jogou apenas 12 partidas no ano passado.

O tenista voltou aos campos em Brisbane na semana passada, onde venceu sua partida de estreia, mas perdeu na segunda ronda para Daniil Medvedev, mostrando óbvias dificuldades para se movimentar.

Murray teve uma carreira de sucesso, acabando com prolongados períodos sem vitórias nos Grand Slam para os britânicos, quando venceu o Open dos Estados Unidos em 2012 e Wimbledon no ano seguinte, tornando-se no único jogador a ganhar medalhas de ouro consecutivas nas Olimpíadas.

O Britânico fez parte do grupo de quatro tenistas masculinos que dominaram num mesmo período os grandes torneios mundiais, com Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

Agora, será provavelmente o mais novo deles aposentar-se. Aos 37 anos, Federer está na Austrália para tentar conquistar o título pelo terceiro ano consecutivo e pela sétima vez no geral. Aos 31 anos, Djokovic, no topo do ranking ATP, procura conquistar o sétimo título australiano. Nadal, de 32 anos, número dois do ranking, está confiante em prolongar a sua carreira por mais alguns anos.

Murray, que chegou a seis finais em torneios de Grand Slam, contabiliza 663 vitórias e 190 derrotas, que resultaram na conquista de 45 títulos, entre eles os de Wimbledon (2013 e 2016), Open dos Estados Unidos (2012), bem como em duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos (2012 e 2016).