Uma malapata com match points. Esta é uma leitura que pode explicar a eliminação de Gastão Elias na segunda ronda da 10.ª edição do Millennium Estoril Open, frente a Nicolas Jarry, número 57 do ranking ATP, pelos parciais de 6-2, 4-6 e 7-5.

Elias, wildcard do torneio português do circuito ATP Challenger 175, teve na mão um match point no terreiro set, quando vencia por 5-2, mas viria a falhar o acesso aos quartos de final do torneio português.

“Foi uma combinação de azar, com o mérito também dele, que no 5-3 quando servi, até joguei bastante bem, joguei com todos os primeiros serviços dentro, ele (Jarry), respondeu talvez o melhor jogo de todo o encontro, nesse momento”, recordou o tenista da Lourinhã, 34 anos.

“Nos últimos três torneios, dois, tive match points e perdi, os outros jogos que perdi, perdi 7-5 no terceiro, 7-6 no terceiro”, recuperou. “Se começar a pensar em como tem corrido este ano, acho que dou em maluco, portanto, é melhor não pensar nisso”, reviveu.

Gastão Elias, ex-57 ATP (2016), recordou o momento de viragem da partida a favor do tenista chileno. “(O Jarry) Faz-me ali uma bola por trás das costas de um smash. Nunca tinha levado com uma bola daquelas até hoje”, revisitou.

Para o português, “foi um momento um bocadinho chato para isso acontecer, e, talvez, se começo aquele jogo 5-3, 15-0 acima a servir, em vez de 0-15, podia ter acabado de outra maneira, podia ter acabado o jogo com um 6-3, 6-3, em vez de ser uma derrota”, suspirou o número 339 da hierarquia mundial.

Sobre a derrota na partida diante um tenista top-60, socorre-se de uma imagem alegórica. “Obviamente, posso sempre tentar fazer alguma coisinha melhor aqui ou ali, mas, ao mesmo tempo também é andar à procura de pelos em ovos”, disparou Gastão Elias na zona mista perante os jornalistas, já depois de um banho tomado.

“De modo geral, estive bastante bem, e quando estiver de cabeça fria, vou conseguir perceber melhor isso, e ver que, realmente, não podia ter feito muito mais”, apontou. “A única coisa que podia ter feito um bocadinho melhor foi, talvez, ter começado melhor o primeiro set, comecei um pouco pesado, um pouco lento”, admitiu.

Continuou às voltas na justificação. “Não podia ter feito muito melhor, obviamente, como não ganhei, há sempre tendência para ir buscar as coisas que fiz menos bem, os erros que cometi naquele momento, mas ele teve mérito também”, realçou. “Há vários pontos positivos a tirar do jogo de hoje, há um ponto muito negativo, que é ter perdido”, disparou, em jeito de balanço.

Apesar de ter sido “um dia muito duro para mim”, Gastão Elias rotulou de “positivo” a sua prestação no torneio. “Uma demonstração de que realmente estou a jogar bem, não é só uma sensação minha, deu para ver neste torneio, a competir a este nível com dois jogadores de top 100 e que por muito pouco não estou nos quartos de final”, acrescentou.

Não está e tal pesa nas ambições pessoais. “Neste momento, podia estar com o dobro ou triplo dos pontos e não estou por...não sei porquê, na verdade, é azar junto com incompetência, se calhar alguma”, reconheceu.

Enterrado o passado recente, Gastão Elias procura olhar em frente. “Enquanto achar que tenho nível para andar nestas andanças e competir com estes jogadores, vou continuar a jogar”, prometeu, procurando aproveitar o embalo do “momento que estou a jogar bem, e tentar agora subir um bocadinho o meu ranking”, delineou.

Concluída a participação no Estoril Open, Gastão Elias traça objetivos. “Agora vou ter que, obviamente, ir voltar aos escalões abaixo, porque ainda não tenho ranking suficiente para voltar aos Grand Slams, que é o meu objetivo neste momento”.