O promissor Francisco Cabral vai unir-se a partir da próxima semana a Jamie Murray, após o consagrado tenista britânico ter convidado o número um português de pares para uma parceria que, esperam, possa tornar-se permanente na próxima temporada.
“A ideia será jogar até ao final do ano e também em 2023. Já na próxima semana, em Metz, a seguir à Davis, vamos fazer o nosso primeiro torneio e jogar até ao fim do próximo [ano] a seguir”, revelou à agência Lusa o portuense de 25 anos, à margem da eliminatória da Taça Davis, que opõe Portugal ao Brasil, entre hoje e sábado, em Viana do Castelo.
Desde que decidiu dedicar-se exclusivamente aos pares, Francisco Cabral tem tido uma ascensão fulgurante no circuito ATP e no ‘ranking’, no qual ocupa a 45.ª posição, a sua melhor de sempre, pelo que o interesse do antigo número um mundial da variante, que até já o tinha ‘observado’ nas bancadas no Estoril Open – antes de ser eliminado por ele e por Nuno Borges nas ‘meias’ -, nem é uma completa surpresa para aqueles que acompanham a modalidade.
“Ele escreveu-me em Winston-Salem, o ATP antes do US Open, a dizer que queria experimentar jogar comigo até ao fim deste ano, porque a ideia dele era jogar comigo em 2023”, detalhou, referindo-se a um torneio que, curiosamente, Murray venceu ao lado do australiano Matthew Ebden.
Com o seu parceiro predileto, o amigo Nuno Borges, ao lado de quem fez história ao conquistar o Estoril Open (foram os primeiros portugueses a fazê-lo), a privilegiar a carreira de singulares e, apesar da parceria bem-sucedida com o bósnio Tomislav Brkic – venceram o torneio de Gstaad -, Cabral nem hesitou em aceitar o convite do britânico, “por tudo o que o envolve”.
“Foi número um do mundo, campeão do ‘Grand Slam’, toda a equipa que ele tem à volta dele, que eu não sei se é a melhor do mundo, mas é uma das melhores do mundo, porque não está só com ele, também está com o Joe Salisbury, que é o numero um do mundo… Era impossível eu não aceitar”, declarou à Lusa.
O jovem portuense confessou nem ter ficado “assim tão surpreendido” com o convite do campeão de pares masculinos do Open da Austrália e do Open dos Estados Unidos de 2016 – ano em que o britânico, agora com 36 anos, liderou o ‘ranking’ mundial de pares -, porque acredita no seu potencial.
“Acredito que pode ser uma mais-valia para qualquer pessoa jogar comigo, e também eu jogar com outras pessoas, obviamente. Ele deve ter visto em mim algum potencial para formarmos dupla. Estou orgulhoso, obviamente, mas também estou bastante motivado para ver aquilo que podemos fazer em conjunto”, disse o sempre confiante tenista português.
Cabral assumiu, contudo, ter-se sentido “muito feliz” com o desafio lançado pelo irmão do emblemático Andy Murray, atual 32.º da hierarquia ATP, “porque ele é uma referência do que são os pares a nível mundial”.
“Acho que é uma excelente oportunidade tanto para ganhar jogos como para aprender, porque a minha carreira ainda acabou de começar. Ainda tenho muitos anos pela frente e acho que foi das melhores coisas que me podia ter acontecido nesta fase da minha carreira”, reiterou.
Também por isso, Cabral diz não estar “nem 0,1%” arrependido da decisão de abdicar da carreira de singulares.
“Para já, estou muito feliz, estou a jogar os melhores torneios do mundo, está a correr-me tudo muito bem, portanto…”, acrescentou.
O talentoso jogador português prefere, ainda assim, não se “colocar nenhum limite, nenhum número, nenhum objetivo” e ir aproveitando”.
“Eu quero é manter-me saudável, que foi algo que para mim foi difícil enquanto jogava singulares. Não tenho tido nenhum problema físico e tenho estado bem e disponível mentalmente. Acho que as coisas, quando a pessoa está bem, acabam por sair com mais naturalidade”, concluiu.
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