Onze títulos do circuito ATP. Duas finais de torneios do Grand Slam (uma no US Open, em 1999, perdida ante o compatriota Patrick Rafter, outra em Wimbledon, em 2003, perdida para Roger Federer). Duas Taças Davis conquistadas ao serviço da Austrália. Quase 7 milhões de dólares ganhos em 'prize money'.

Mark Philippoussis foi um nome incontornável do mundo do ténis no final da década de 1990 e início da década de 2000. Hoje, participa num 'reality show' no seu país natal e foi nesse programa televisivo que deu conta dos problemas financeiros por que passou e ainda passa, chegando mesmo a ter de pedir ajuda a amigos para comer.

Emocionado, Philippoussis falou de como desapontou aqueles que mais ama quando teve de abandonar os courts devido a lesão e não ganhava o dinheiro que outrora havia recebido.

"A minha família é o meu mundo. A minha prioridade. É tudo para mim. Tinha o sonho de me tornar tenista profissional e a minha família fez tudo para que esse sonho se tornasse realidade", começou por dizer Philippoussis durante o programa SAS Australia, um reality show com celebridades que envolve uma espécie de treino militar. "O meu pai tinha um bom emprego, era bancário, e deixou esse emprego porque disse que me queria ajudar a concretizar os meus sonhos. Trabalhei muito e tive a felicidade de lá chegar", prosseguiu.

"E a parte boa foi que fui capaz de tomar conta dos meus pais de forma a que eles não tivessem de voltar a trabalhar. Mas acabei por me ver numa situação muito difícil, com as lesões, e tudo isso acabou. Quando somos atletas é a última coisa em que queremos pensar…Claro que nos dizem sempre 'Poupa algum dinheiro para tempos menos bons'. Mas eu achava que pensar que nos podíamos lesionar e precisar de alguma coisa era um sinal de fraqueza", confessou.

"Não se pode pensar nisso, porque temos de continuar, temos de recuperar das lesões e acreditar que tudo vai correr bem", prosseguiu.

Mas as lesões apareceram mesmo e Philippoussis, que chegou a ser n.º 8 do ranking ATP, acabou por bater bem no fundo, depois de uma sexta operação a um joelho, em 2009, ao ver que a sua família sofria bem mais do que a dor física que o apoquentava, com o dinheiro a escassear.

"Tive de parar por completo durante uns meses e não tinha dinheiro para quase nada. Cheguei a ter de pedir dinheiro emprestado a uns amigos até para comprar comida", admitiu Philippoussis.

"Chegámos a comer massa de repolho sete dias por semana, e isso até que começou a ser uma das minhas comidas preferidas. A minha mãe dizia que era comida de pobre, porque é muito simples. Senti-me envergonhado, porque os meus pais trocaram os sonhos deles pelos meus e era minha responsabilidade cuidar deles. Estava num lugar muito escuro, com uma depressão. Não há dor maior do que vermos os nossos entes queridos a sofrer por causa dos nossos atos", admitiu.

O ex-tenista chegou a ter vários carros desportivos e 15 motas. Conta que, certa vez, pagou 100 mil dólares por capricho por um Dodge Viper totalmente novo, só porque não queria pegar um táxi para casa.

Em 2009, porém, a sua vida estava bem longe desse mundo de extravagâncias. Nesse ano, Philippoussis enfrentou uma batalha legal para manter a casa de sua família depois de se atrasar no pagamento de uma prestação.

"O ténis é um daqueles desportos em que, se não jogas, não és pago. Ter de pagar contas e não ter nenhum dinheiro a entrar é uma situação muito difícil", referiu.

Num episódio anterior do mesmo 'reality show', Philippoussis já tinha falado do estilo de vida que levava nos seus tempos áureos.  Saído da mesma geração de Leyton Hewitt ou Patrick Rafter, Philippoussis era diferente dos compatriotas e não vivia obsecado pelo ténis, procurando fugir do circuito sempre que podia.

"Comprava carros novos só para não me aborrecer, quando parei a primeira vez depois da minha terceira operação ao joelho. Via o filme 'Bad Boys', eles entravam num Porsche e eu ligava ao meu agente para me comprar um igual. Era o quão ridículo eu era", reconhece o ex-tenista. "Agora, por vezes, olho para esses tempos, abano a cabeça, sorrio e penso 'Que idiota'", acrescentou Philippoussis.