João Sousa e o capitão Nuno Marques não esconderam a surpresa que representou a recuperação do bielorrusso Egor Gerasimov, que ‘roubou’ um ponto a Portugal no ‘play-off’ de acesso ao Grupo I da Taça Davis em ténis.

“Nos dois primeiros ‘sets’ não houve história. Senti que estava a dominar. Não estava à espera da surpresa que tive. Sabia que poderia baixar o ritmo e depois encontrá-lo. Ele foi muito humilde. Ir dois ‘sets’ abaixo e dar a volta diz muito dele. No quinto ‘set’ conseguiu ser mais feliz e serviu bem, mereceu vencer”, reconheceu o número um nacional, que perdeu com Gerasimov, por 0-6, 1-6, 6-2, 6-2 e 6-4, no primeiro encontro de singulares da jornada.

João Sousa defendeu que a reviravolta conseguida pelo 290.º jogador mundial foi uma consequência direta da coincidência entre a sua descida de nível e o elevar do jogo do seu adversário.

“Obviamente fico triste por não dar um ponto a Portugal, mas o ténis é assim”, disse.

A palavra surpresa surgiu também no discurso do ‘capitão’ Nuno Marques que, citando Rui Machado, assumiu que um volte-face assim só é possível na Taça Davis.

“Estou tão surpreso. Sei que é perigoso ganhar dois ‘sets’ tão facilmente. A minha grande questão é como é que ele, que é um jogador mecânico, de repente, nos últimos três ‘sets’, mudava o ritmo, que já se adaptava [ao jogo de Sousa]. A minha grande questão é como é que ele pode ser só 300 do mundo. Foi inacreditável. Felizmente, é daqueles jogos que acontece uma ou duas vezes na vida”, analisou.

O selecionador, que destacou a capacidade de Sousa de superar as derrotas, elogiou o encontro “muitíssimo bom” de Gastão Elias, que conquistou o ponto do empate para Portugal ao derrotar Uladzimir Ignatik.

“Todos sabemos a sua capacidade técnica e tática, mas é ótimo vê-lo assim. Hoje tocou ao Gastão ajudar na eliminatória, como na passada coube ao João. Não teve quebras, frente a um adversário difícil. Hoje, todos os quatro jogadores deixaram tudo em campo”, concluiu.

Já Gastão Elias confessou dois estados de espírito que terão passado despercebidos aos espetadores que hoje, no Clube de Ténis de Viana, assistiram à sua segurança nos momentos decisivos do segundo encontro de singulares.

“Estava um bocadinho irritado com as vidas que eu lhe dei, por ter feito erros no meu serviço. Ter dado a volta no terceiro ‘set’... foi uma vitória importante. Joguei bem no geral. Sabia que ia ser um jogo complicado. Ele é um jogador que não te ganha o encontro. Joga na defensiva, ganha os jogos no erro do adversário. Sabia que se me mantivesse tranquilo ia sair com a vitória”, explicou.

Depois de ver o seu colega e amigo perder, Elias entrou nervoso em campo, algo que até o ajudou na vitória por 6-3, 7-6 (7-3) e 7-5: “É bom. É sinal de que uma pessoa está a querer jogar. Se não entramos com nervosismo é como se não dessemos valor ao encontro”.

Os dois jogadores que hoje representaram Portugal nos singulares voltam no sábado ao ‘court’ para o encontro de pares, com Nuno Marques a antever um ‘play-off’ que vai ser “espremido” até ao final.

“Na Taça Davis já vimos muitas situações em que os favoritos deixam de o ser no fim do dia. Amanhã, vai ser um dia muito importante para as duas equipas, todos vão dar 110 por cento. O Max [Mirnyi] pode ter 10 títulos de ‘Grand Slam’, mas não subestimamos os adversários”, garantiu o ‘capitão’ bielorrusso, Vladimir Voltchkov.