Ultimam-se pormenores e a ansiedade aumenta na Madeira. A partir de amanhã, na Baía do Funchal, as pranchas RS:X invadem os mares insulares portugueses e o espectáculo aumenta ao sabor do vento.
A regata de treino está marcada para o meio-dia desta quinta-feira onde vão estar quatro velejadores que falam a língua de Camões: os portugueses João Rodrigues, Luís Rodrigues e Pedro Moura, e o brasileiro Ricardo Winicki Santos.
O sul-americano, que nos Jogos Olímpicos de Atenas ocupou a quarta posição e em Pequim o quinto lugar, já está qualificado para o próximo desafio de Londres mas não quis perder a competição do europeu:
«É sempre bom comparar os nosso andamentos com os outros concorrentes. Conheço o João Rodrigues há muito tempo e pareceu-me uma boa ideia esta competição. Ainda por cima os ventos na Madeira são bem diferentes aos que estou habituado.»
Ricardo Winicki Santos esteve pela última vez num Campeonato da Europa há quatro anos e não esquece esse dia. O brasileiro foi medalha de Prata atrás do português João Rodrigues que saboreou o Ouro.
«A última vez que participei num europeu foi em 2008 em que fiquei na segunda posição e o João ganhou. Agora estou a adaptar-me às condições da Madeira que não são fáceis», explica o brasileiro. Perante a pergunta sobre o que fazia antes das provas, Bimba – o nome que usa entre os amigos –, afirma:
«Tento relaxar, faço ginásio, como bem, vou falando com os outros concorrentes. Faço também a regata de treino que neste caso é amanhã, assim fico a conhecer o campo de regata, a forma como o júri trabalha. Claro que como bom brasileiro que sou não corto a linha de chegada…porque dá azar! Só em competição é que corta a linha em treino nunca. Estou tranquilo, vai ser um bom treino para mim estar entre os melhores do mundo.»
João Rodrigues é o português com maiores responsabilidades na prova que vai disputar em ‘casa’. Natural da ilha da Madeira, o atleta luso com mais presenças em Jogos Olímpicos é acompanhado de perto pelo treinador José Gouveia que, ao longo dos anos, tratou de toda a preparação do velejador e, claro, conhece muito bem os ventos locais:
«A dificuldade da prova depende do tipo de ventos. Vai ser difícil com certeza para o João apesar de jogar em casa. Tudo aponta que as regatas vão ser cumpridas numa zona muito fora por razões de ventos o que vai dificultar muito. Temos que ter em atenção que o João é um bom velejador pela sua regularidade nas provas, por isso o ideal é apanhar vários tipos de vento para não ser tão desgastante. Não nos podemos esquecer que estão aqui velejadores muito jovens, por isso com uma enorme capacidade física. Se o vento for fraco é mais exigente fisicamente, se for variando tudo fica mais fácil. Recordo que atendendo ao desgaste físico se o vento estiver fraco só se fazem 2 regatas se for forte cumprem-se 3» - explicou o técnico do CTM – Centro de Treino de Mar.
No mar e em terra tudo parece pronto para a Grande Largada. A Madeira está empolgada com o início da prova. Robert Lamb, Presidente da Comissão de Regatas, acredita que tudo vai estar pronto a horas.
«Neste momento estamos ainda a fazer os últimos preparativos para a regata de treino de amanhã, quinta-feira. Já ontem estivemos no mar com toda a equipa local para testarmos posições, rádios e manobras a fazer. Este mar não é fácil, é muito fundo pelo facto de estarmos numa ilha rochosa, mas os locais conhecem bem todos os pormenores e são uma grande ajuda. O facto de não haver já o ferry boat que saía de Portimão levou a que muitos velejadores não pudessem vir mas mesmo assim temos uma boa frota – 55 homens e 23 mulheres. Vamos ver que ventos temos amanhã na regata de treino», refere de forma emocionada e com natural entusiasmo.
A partir desta quarta-feira a Village RS:X está montada no Varador de S. Lázaro, no Porto do Funchal, onde existe um espaço para os velejadores e para o material de cada um, uma zona de medições de velas e controle de material pela organização, centro de imprensa, júri de regata e protestos e uma área de lazer – “Sabores da Madeira ao som da Música” – onde não falta a tradicional poncha, bolo de caco e Madeira Wine. Todos estes espaços estão abertos ao público entre as 17h e as 19h.
Comentários