O velejador Jorge Lima disse hoje não excluir “qualquer resultado” em Tóquio2020, apontando a uma presença entre os dez melhores em 49er nos próximos Jogos Olímpicos.
“Estamos a querer garantir estar a 100% para os Jogos e tentar um resultado, que penso que seria realista, um ‘top 10’ e ‘top 8’. Sendo os Jogos um evento tão especial, existe muita pressão, muitos fatores, e a vela é propícia a isso, com ventos instáveis, que não controlamos. Penso que a nossa experiência também pode fazer diferença, portanto eu não excluo qualquer resultado. Acho que tudo é possível. São quatro dias de tudo ou nada”, sustentou em declarações aos jornalistas no Clube Naval de Cascais.
A dupla de 49er portuguesa, já apurada para Tóquio2020, esteve por duas vezes em Enoshima e Jorge Lima confessou-se confiante depois do reconhecimento feito naquele que será o ‘palco’ das regatas olímpicas.
“Fomos às cegas, mas voltámos às claras, ou seja, já sabemos com o que contar. São condições extremas as que podemos encontrar em Enoshima: ou temos dias de muita calmaria, que são muito técnicos e detalhistas, ou temos dias bastante selvagens, muito parecidos ao que temos aqui em Cascais de inverno ou de verão lá fora, para o lado do Guincho, que é ondas grandes e muito vento. Nas duas vezes que lá estivemos, nunca apanhámos condições ótimas como hoje”, enumerou José Costa.
O outro componente da dupla 49er estimou que as condições podem ser benéficas para a embarcação portuguesa.
“Quando se começa a andar bem na frota internacional, há sempre quem que nos apelide de especialistas num determinado ‘range’ [espetro] de condições e nós somos conhecidos como especialistas em ventos fracos, em condições mais técnicas. Mas não sei se pela idade ou pela experiência, hoje em dia somos um ‘all around’. Somos os chamados ossos duros de roer em qualquer condição”, brincou.
José Costa reconheceu que a preparação da dupla foi “um bocadinho alterada” esta temporada, uma vez que o foco “é virado para os Jogos”.
“Nós não temos o poder económico que tem os grandes países, como a Nova Zelândia, Austrália, Alemanha, o que faz que tenhamos que escolher bem os campeonatos onde vamos para estar no nosso melhor nível do ponto de vista do material. E essa é a grande alteração”, avaliou.
O material foi precisamente o grande ‘adversário’ que Costa e Jorge Lima encontraram nos últimos meses, nomeadamente no início do mês de fevereiro, nos Mundiais de 49er, quando um dos vaus do mastro partiu e condicionou o desempenho do duo.
“Quando uma daquelas peças pequeninas parte, perdemos tensão num dos lados e arriscamos a partir o mastro. Ele dobra muito para um dos lados, e a velocidade não é a mesma, porque o mastro deixa de estar simetricamente curvado para ser uma banana mal feita. Infelizmente, nos 11 anos em que velejamos juntos nunca nos aconteceu isso e agora, no espaço de dois meses, tivemos dois Mundiais em que nos aconteceu nessas duas ocasiões e logo na fase de qualificação, o que nos impediu de lutar pelo ‘top 10’ e pelo pódio”, explicou Costa.
O velejador algarvio lamentou que a quebra do vau tenha acontecido numa altura em que os 49er lusos queriam ter bons resultados e afirmar-se diante dos seus rivais, mas defendeu que o revés os fez ficar mais aguerridos.
“Ainda bem que aconteceu agora e não venha a acontecer nos Jogos. Isto servirá para nos prepararmos, embora tenha sido altamente improvável aquilo que aconteceu. Já matutámos muito sobre o assunto e não conseguimos chegar a uma conclusão específica do que terá acontecido. Não é normal partir daquela maneira. O construtor do material reconheceu que o material não estava bem fabricado. Não queremos pensar mais nisso, vamos garantir que as revisões são todas feitas e que não se vai voltar a repetir”, completou Jorge Lima.
Jorge Lima e José Costa asseguraram uma vaga na competição de 49er em Tóquio2020, com a classificação para a regata das medalhas nos Mundiais de classes olímpicas de vela de 2018, em Aarhus, na Dinamarca.
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