O «amor pela modalidade» é a principal razão que leva Ubirajara Pereira a manter-se no ativo, aos 43 anos, estando inclusive a viver uma segunda juventude na seleção portuguesa de voleibol.

O espírito competitivo e a ausência de lesões graves também ajudam a explicar a longevidade de “Bira”, atualmente ao serviço do Vitória de Guimarães, que chegou a estar afastado do voleibol durante alguns anos, mas não resistiu ao apelo de regressar à competição no ano passado.

«É uma questão de paixão pela modalidade. Quando acaba a temporada, eu sou aquele tipo de jogador que fica com vontade de treinar e de conviver com os companheiros. Acho que o que me faz estar a jogar até hoje é o amor pela modalidade, por gostar daquilo que faço», explicou à agência Lusa o jogador brasileiro, naturalizado português.

O veterano jogador sente-se «privilegiado», pois nunca sofreu lesões graves, uma das principais causas para o fim da carreira de muitos praticantes, o que tem contribuído decisivamente para o facto de continuar a jogar no primeiro escalão do voleibol português com uma idade em que a esmagadora maioria jogadores já está retirada.

«Também sempre fui um jogador muito competitivo. Coloco patamares para mim próprio que tento alcançar. É todo um conjunto de situações que me permitem estar ainda a jogar nos dias de hoje, com 43 anos», assinalou o jogador vimaranense, que interrompeu no ano passado um período de inatividade para integrar a equipa do Castelo da Maia.

Se a idade traz mais experiência e pode constituir uma mais-valia, também retira capacidades e Ubirajara Pereira, que já jogou no FC Barcelona e integrou a seleção portuguesa que obteve o melhor resultado de sempre, no Mundial de 2002 (oitavo lugar), não é imune à passagem do tempo.

«É óbvio que noto que a capacidade de reação não é a mesma de um jogador de 20 e poucos anos. Perde-se um pouco velocidade e no voleibol, que é um desporto que exige muita destreza, sobretudo na minha posição de central, pois tenho de fazer deslocamentos rápidos, nota-se que a velocidade não é a mesma de outros tempos», reconheceu.

O voleibolista quarentão encara com «muita naturalidade» o convívio com outros jogadores com metade da sua idade e até observou «não deve ser fácil para um jogador jovem ser ultrapassado por um velho de 43 anos», equacionando a possibilidade de se manter em atividade por mais uma época.

«Tinha pensado parar na temporada passada, porém, fiz uma época bastante regular e fui chamado à seleção novamente. Foi uma surpresa para mim e tudo isso contribui para a minha motivação de jogar. Mas não vou jogar com 50 anos a este nível. No máximo, mais uma temporada. Já está de bom tamanho, sinceramente», reconheceu.