O duelo entre o holandês Max Verstappen (Red Bull) e o britânico Lewis Hamilton (Mercedes) volta a dominar a temporada de Fórmula 1 de 2022, a 53.ª, que arrancou no domingo, com o Grande Prémio do Bahrain, ganho pela Ferrari com dobradinha.

Num campeonato de 22 corridas, amputado da corrida na Rússia devido à invasão da Ucrânia, Verstappen vai procurar revalidar o título conquistado em 2021, enquanto Hamilton vai tentar vingar a derrota sofrida no ano passado e chegar a uns inéditos oito títulos mundiais.

No entanto, as alterações técnicas efetuadas nos regulamentos parecem ter deixado a Mercedes um passo atrás da Red Bull e da Ferrari, que, depois dos resultados nas duas baterias de testes de pré-temporada, partem como favoritas, pelo menos na fase inicial da temporada.

Essa favoritismo foi confirmado na primeira corrida do ano, ganho pela Ferrari com Charles Leclerc, com Sainz em segundo. A Red Bull teve problemas de fiabilidade na parte final quando lutava pela vitória e pelo terceiro lugar, o que acabou por ser um passo atrás nas suas aspirações.

Aos 24 anos, Max Verstappen confirmou em 2021 o potencial que lhe apontavam e que lhe permitiu chegar à categoria rainha do automobilismo mundial ainda antes de ter idade legal para conduzir, tendo já batido vários recordes de precocidade (piloto mais novo de sempre a subir ao pódio e o mais novo de sempre a vencer uma corrida, com 18 anos, sete meses e 16 dias).

Verstappen volta a ter a companhia do mexicano Sérgio Perez (32 anos) enquanto Hamilton tem, agora, o britânico George Russell (24 anos) a partilhar as boxes da Mercedes.

Russell tirou o lugar ao finlandês Valtteri Bottas, de 32 anos, que foi ocupar a vaga do veterano compatriota Kimi Raikkonen na Alfa Romeo, ao lado de Guanyu Zhou, de 22 anos, o primeiro chinês a chegar à Fórmula 1.

Zhou é o único estreante deste ano, a somar aos regressos do tailandês Alexander Albon (Williams), de 25 anos, e do dinamarquês Kevin Magnussen, de 29 anos, que substituiu o russo Nikita Mazepin na Haas, depois das sanções aplicadas à Rússia e aos atletas russos na sequência da invasão da Ucrânia.

A Haas manteve ainda o alemão Mick Schumacher, de 22 anos, filho do sete vezes campeão mundial Michael Schumacher.

As restantes equipas mantiveram os seus dois pilotos, com destaque para a Ferrari, que procura atacar um título que lhe escapa desde 2007 (com Kimi Raikkonen).

A escuderia do ‘cavallino rampante’ volta a apostar no monegasco Charles Leclerc e no espanhol Carlos Sainz, filho do antigo bicampeão mundial de ralis com o mesmo nome, tendo aparecido na pré-temporada como uma das equipas mais fortes.

Os pilotos da ‘Scuderia’ só foram batidos na tabela de tempos nos treinos pelo campeão Verstappen, que vai deixar de lado o habitual número 33 para fazer luzir na frente do Red Bull o 1 reservado aos campeões. No entanto, na qualificação, foi Leclerc quem ficou com a 'pole', à frente de Verstappen.

A Alpine, que continua com o veterano espanhol Fernando Alonso, de 40 anos, bicampeão em 2005 e 2006, e com o francês Esteban Ocon, de 25, também deu boas indicações na pré-temporada, assim como a McLaren, que volta a apostar no australiano Daniel Ricciardo (32 anos) e no britânico Lando Norris (21). No entanto, a equipa inglesa ainda tem muito trabalho pela frente, depois de um fim de semana para esquecer em Sakhir.

A Alpha Tauri (com o francês Pierre Gasly, de 26 anos, e o japonês Yuki Tsunoda, de 21) e a Aston Martin (com o alemão Sebastian Vettel, de 34 anos, um dos quatro campeões presentes, e o canadiano Lance Stroll, de 23, e filho do proprietário da equipa) devem lutar pelos lugares do meio do pelotão, com a Haas, que mostrou evolução, e a Williams.

A formação britânica, uma das históricas do pelotão, começa a época, pela primeira vez, fora do controlo da família de Frank Williams, falecido em 2021, depois de ter sido vendida ao fundo de capital norte-americano Dorilton Capital, em 2021.

Além do regressado Albon, o canadiano Nicholas Latifi, de 26 anos, ocupa o segundo lugar na equipa, depois de em 2021 ter sido o protagonista involuntário da grande polémica da temporada, ao sofrer o despiste que permitiu a entrada do ‘safety car’ no Grande Prémio de Abu Dhabi. Esse incidente, juntamente com a decisão da direção da corrida, foi decisivo para o desfecho da última corrida e, consequentemente, para a conquista do título por Verstappen.

Em ano de descida de orçamentos para os 127 milhões de euros por força do regulamento de controlo de custos e com o preço das matérias-primas e da logística a aumentar, as evoluções mecânicas e tecnológicas podem ficar comprometidas durante a temporada, o que ajudará a baralhar ainda mais as contas.

Verstappen conquistou o seu primeiro título de campeão do mundo, ao vencer a derradeira etapa da temporada de 2021, em Abu Dhabi, onde ultrapassou Lewis Hamilton na volta final, na sequência da decisão de Michael Masi antecipar o reinício da corrida após a entrada do ‘safety car’.

O australiano foi afastado do cargo de diretor das corridas de Fórmula 1 no mês passado, sendo substituído pelo português Eduardo Freitas e pelo alemão Niels Wittich, que vão desempenhar funções de forma alternada.

Verstappen e Hamilton chegaram à 22.ª prova de 2021 empatados, com 369,5 pontos, com vantagem para o piloto da Red Bull no confronto direto, tendo, na última volta da prova de Abu Dhabi assegurado o triunfo - somado 395,5, mais oito do que o rival da Mercedes.

O despiste do canadiano Nicholas Latiffi (Williams) levou à entrada do ‘safety car’ para a retirada do carro da pista. A Red Bull arriscou em montar pneus macios para as últimas voltas de Verstappen, enquanto Hamilton permaneceu em pista e na liderança.

Na última volta, Masi decidiu juntar os dois concorrentes ao título e ordenar a saída do ‘safety car’, tendo Verstappen atacado Hamilton, logo na curva cinco, conseguindo uma ultrapassagem que valeu o campeonato.

Verstappen pôs termo ao domínio de Hamilton, sete vezes campeão do mundo e vencedor dos quatro anteriores títulos (2008, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020).

O Mundial de Fórmula 1 de 2022 arrancou no domingo, no Bahrain, com a primeira das 22 corridas previstas atualmente, nesta que é a 53.ª temporada.