Max Verstappen acaba de confirmar a conquista do campeonato do Mundo de Fórmula 1. O piloto da Red Bull aproveitou a desistência do seu colega de equipa, Sergio Perez, para confirmar já a conquista do campeonato, o terceiro consecutivo, ao ser segundo na sprint race no Qatar, a 17.ª prova do ano.

A corrida sprint foi vencida pelo australiano Oscar Piastri, da McLaren. O jovem piloto saiu da pole para a sprint race, mas perdeu o lugar para o britânico George Russell. Piastri haveria de voltar a liderança a meio da prova, para segura-la até ao final.

Max Verstappen, que precisava de apenas ser sexto na sprint race, cortou a meta a 1,871 segundos do vencedor, o australiano Oscar Piastri (McLaren), com o britânico Lando Norris (McLaren) na terceira posição, a 8,497.

A cinco provas do final do campeonato, o piloto da Red Bull chegou a uns inalcançáveis 406 pontos, enquanto o segundo classificado do Mundial, o mexicano Sérgio Pérez (Red Bull), foi abalroado pelo francês Esteban Ocon (Alpine) e ficou com os mesmos 223 pontos com que partira.

Verstappen iguala o feito do britânico Nigel Mansell, que, em 1992, conquistou o título a cinco provas do final do campeonato, ficando apenas atrás de Schumacher tendo o germânico, em 2002, conquistado o seu sétimo título a seis rondas do fim.

Na 12.ª volta da corrida Sprint do GP do Qatar, o mexicano foi obrigado a abandonar, depois de levar um toque de Nico Hulkenberg.

Depois de a Red Bull ter assegurado o sexto título de construtores, o segundo seguido, na semana passada no Japão, a coroação de Verstappen, juntando-o a nomes como os brasileiros Ayrton Senna e Nelson Piquet, o austríaco Niki Lauda, o britânico Jackie Stewart e o australiano Jack Brabham, estava nas mãos do neerlandês, que não desperdiçou.

O neerlandês é o quinto a somar três títulos consecutivos, reeditando os feitos do alemão Michael Schumacher, que conquistou cinco seguidos, e do argentino Juan Manuel Fangio, de Vettel e do antecessor Hamilton, que venceram quatro.

Com 180 pontos em disputa, nos últimos seis Grandes Prémios, só Pérez poderia roubar o título ao companheiro de equipa - em caso de igualdade, penderia na mesma para Verstappen, uma vez que o mexicano só conseguiria somar oito triunfos, contra os 13 de Verstappen.

O domínio da Red Bull e de Verstappen tem sido quase absoluto. O neerlandês soma 13 vitórias (10 delas consecutivas) e 15 pódios, tendo falhado apenas os três primeiros lugares no Grande Prémio de Singapura, no qual foi quinto, e sete voltas mais rápidas em corrida.

Verstappen iguala o feito do britânico Nigel Mansell, que, em 1992, conquistou o título a cinco provas do final do campeonato, ficando apenas atrás de Schumacher tendo o germânico, em 2002, conquistado o seu sétimo título a seis rondas do fim.

Perfil: Max Verstappen atinou e está à caminho da galeria dos maiores da Fórmula 1

O piloto neerlandês Max Verstappen (Red Bull) mostrou este sábado que está cada vez mais perto da galeria dos maiores heróis da Fórmula 1 ao confirmar o terceiro título mundial consecutivo, numa temporada mais 'Max' do que 'Mad'.

Com 13 vitórias em 16 corridas já disputadas este ano, o piloto da Red Bull, conhecido por 'Mad Max', numa referência à personagem do ator Mel Gibson no filme homónimo, está cada vez mais maduro e dominador desportivamente na Fórmula 1, juntando-se a um lote de 10 pilotos que tinham conquistado três ou mais títulos.

Uma lista encabeçada pelo alemão Michael Schumacher e pelo britânico Lewis Hamilton, ambos com sete, e que inclui nomes como o de Ayrton Senna.

Conhecido pelo seu caráter intempestivo dentro de pista, Verstappen foi já apontado pelo antigo patrão da Fórmula 1, o britânico Bernie Ecclestone, como "a melhor coisa que aconteceu à modalidade nos últimos anos".

O neerlandês já tinha sido o mais novo de sempre a competir na categoria rainha do desporto automóvel, antes mesmo de ter idade para ter a carta de condução.

Filho de um antigo piloto, Jos Verstappen, 'Mad' Max tornou-se em 2022 num dos campeões mais precoces da Fórmula 1, ao assegurar o título a cinco corridas do final, feito que repetiu este ano.

O neerlandês igualou o britânico Nigel Mansell, ficando apenas atrás do alemão Michael Schumacher, que em 2002 assegurou o título a seis provas do final.

Desde cedo que o jovem Max, filho mais velho de Jos e Sophie Kumpen, entrou no mundo da competição, desde logo porque o pai tinha sido o mais bem-sucedido piloto dos Países Baixos até então.

Ser piloto de Fórmula 1 era "um sonho de criança", admitiu, no início da carreira.

Mas também a mãe competiu, com sucesso, em karts, modalidade em que o agora campeão se iniciou aos quatro anos de idade.

Aos 15, viria mesmo a sagrar-se campeão mundial em karting, demonstrando que a educação rígida que recebeu em casa estava a formar um piloto de elite.

A relação dura com o pai é um dos segredos mais mal-escondidos do 'paddock', e o próprio Max recordou, em 2019, à margem do Grande Prémio da Rússia de Fórmula 1, um episódio em que o pai o abandonou numa bomba de gasolina, em Itália, depois de se ter despistado numa corrida "que deveria ter vencido facilmente", sendo que os dois estiveram a semana seguinte sem se falar.

É precisamente devido a essa pressão familiar que Max Verstappen não encontrou "surpresas na Fórmula 1", pois não houve "ninguém mais duro" consigo do que o próprio pai.

Gerindo a carreira do filho com mão de ferro, Jos Verstappen guiou o jovem Max à Fórmula 1 através da Toro Rosso, a equipa satélite da Red Bull, em 2015, iniciando um trajeto em que quebrou vários recordes de precocidade da modalidade.

Com 17 anos e 166 dias, tornou-se, no Grande Prémio da Austrália desse ano, no mais novo de sempre a participar a tempo inteiro no 'Grande Circo'.

Duas corridas mais tarde, na Malásia, foi o mais novo de sempre a pontuar, com 17 anos e 180 dias, ao ser sétimo classificado.

Em 2016, já com a temporada em curso, o ultra confiante e, por vezes, polémico piloto, que se define como neerlandês apesar de ter nascido na Bélgica, em Hasselt, foi promovido à equipa principal da Red Bull, substituindo o russo Daniil Kvyat. E, logo na corrida de estreia pela equipa, venceu o GP de Espanha, com 18 anos e 228 dias.

O sucesso de Max Verstappen na Fórmula 1 foi sendo construído à base de vários incidentes, muitos deles provocados pela impetuosidade em pista -- acompanhado de uma honestidade 'crua' fora dela -, fenómeno que este ano esteve bastante mais controlado, o que se traduziu no domínio da temporada.

Depois de dois terceiros lugares no campeonato, em 2019 e 2020, Verstappen, que cumpriu 26 anos em 30 de setembro, conquistou o terceiro título da sua carreira depois da vitória polémica de 2021, na última prova da temporada, em Abu Dhabi, frente a Lewis Hamilton, e da temporada dominadora de 2022, em que bateu o recorde de vitórias, chegando às 15.

O neerlandês, que em 2021 se tornou no 34.º campeão diferente e no quarto mais novo, atrás do alemão Sebastian Vettel, do próprio Lewis Hamilton e do espanhol Fernando Alonso, persegue, agora, outros recordes da modalidade.

Dono de uma personalidade vincada e pouco expansiva fora da pista, transfigura-se dentro do carro, tendo protagonizado ao longo da carreira diversos incidentes com outros pilotos.

"Eu entro no circuito e mudo a chave de modo calmo para agressivo", admitiu, em 2016, numa entrevista ao jornal brasileiro GloboEsporte.

Já em 2021, antes do Grande Prémio de Portugal, o mexicano Sérgio Pérez, seu companheiro de equipa na Red Bull, confessou-se "surpreendido" com a personalidade do neerlandês.

"A imagem que o Max tem é diferente de quem ele é como pessoa. Claro que ele quer ser muito rápido, é muito competitivo, mas tudo que se vê na comunicação social, eu ainda não vi. Para ser sincero, estou bastante impressionado nesse aspeto", confessou o mexicano.

Mas a Fórmula 1 está presente na vida do piloto de 26 anos também fora das pistas, pois desde o início de janeiro de 2020 que confirmou o namoro com a modelo brasileira Kelly Piquet, filha do antigo piloto e campeão mundial de Fórmula 1 brasileiro Nélson Piquet.

Avesso aos holofotes da fama, recusou participar no documentário 'Drive to Survive' da plataforma Netflix, por não gostar da forma como era retratado nas primeiras temporadas e ficar nervoso com a presença constante das câmaras durante os fins de semana de Grande Prémio.

"Normalmente, não sou alguém que gosta de ter câmaras por perto", admite.

Contudo, no final de 2020 viria a lançar o seu próprio documentário, 'Whatever It Takes', com a sua visão do campeonato.

Aos 26 anos, Max Verstappen encaminha-se para se juntar aos maiores nomes de sempre da Fórmula 1.