O francês David Castera, diretor de prova do Rali Dakar de todo-o-terreno, admitiu hoje, em entrevista à agência Lusa, que a dureza da 47.ª edição tem sido “maior do que a prevista”.
A dureza da prova foi confirmada por Mário Franco, em dia de descanso na edição 47 do Rali Dakar 2025.
"Esta primeira semana foi, sem dúvida, a mais difícil e dura de todas em que já participei", disse o piloto português da portuguesa Franco Sport, uma das poucas equipas que ainda não conheceu o sabor da desistência no Dakar 2025.
"Dos 201 carros que começaram o Dakar, bem mais de metade já foram para casa ou só continuam em modo Dakar Experience [para aqueles que terminam as etapas para lá do tempo permitido mas podem continuar, sem no entanto lutarem pela vitória final]. Por isso, só posso estar satisfeito e orgulhoso, por chegar ao final da primeira semana e pelo extraordinário trabalho que a Franco Sport está a fazer. Quantas equipas é que se podem orgulhar de ainda terem todos os carros em prova?", questiona Mário Franco, em declarações à sua assessoria de imprensa.
No Dakar 2025 que decorre mais uma vez na Arábia Saudita, Mário, Franco, também responsável da Franco Sport, corre com uma X-Raid YXZ 1000R com o número 30, na categoria Challenger.
Mário Franco recorda que "os primeiros dias não foram fáceis", com "pequenos problemas que se traduziram em muitas horas perdidas na pista". Até agora, afirma, a equipa limitou-se "a sobreviver", depois de andar em rotas já fustigadas pelas passagens dos primeiros carros e camiões.
"Nos dois últimos dias já houve vários momentos em que também me diverti e acredito que as etapas dos próximos dias vão ser mais ao meu estilo. Estou surpreendido com a evolução que os carros sofreram em apenas um ano", garante.
"Se soubesse o que sei hoje, não estaria aqui"
Até há pouco mais de um ano, o ciclismo, o atletismo, o snowboard e o kitesurf eram as modalidades de eleição de Pedro Gonçalves. Mas, depois de desafiado por amigos no Baja Portalegre 500 de 2023 fez a sua primeira prova oficial de automóveis e descobriu uma nvoa paixão: o todo-o-terreno combinava as minhas paixões. O desafio de Mário Franco para fazer o Dakar pareceu-lhe uma loucura, mas também um desafio de superação.
"Mas se soubesse o que sei hoje, depois de uma semana de prova, se calhar não estaria aqui" confessa, a sorrir, o atual 30.º colocado da classificação geral, entre os protótipos SSV da categoria Challenger.
"Claro que estava à espera que fosse muito duro, mas nada como isto. Pelo esforço físico e pelos problemas que passamos. Só nesta primeira semana estivemos várias vezes à porta da desistência, e acabamos por ressuscitar umas cinco vezes. Depois do que passámos no segundo dia da etapa de 48 horas, eu diria que nos sentimos moralmente invencíveis. Por problemas na embraiagem, sofremos com enormes atascanços nas dunas, um deles precisamente na última duna da etapa, já sem pranchas e com a saída do deserto à vista. Mais tarde perdemos a transmissão dianteira e ficámos várias vezes atascados no fesh-fesh. Na última vez, fomos salvos por uns locais que apareceram do nada quando já pensávamos no pior", contou Pedro Gonçalves.
"Já tinha enfrentado desafios bem duros noutros desportos, mas nada como isto. Ainda este ano participei nas etapas de montanha da Volta à Itália e já vivi outras experiências bem difíceis, mas nada se equipara ao que vivi nesta primeira semana do Dakar. Uma incrível prova de superação física e mental! Pensava que estava preparado, mas nada nos prepara para aquilo que é verdadeiramente o Dakar. Não estou arrependido – antes pelo contrário! – de ter vindo e admito o orgulho em estar ainda em prova. Estou a cumprir com a missão, graças ao Hugo (n.d.r. o navegador, Hugo Magalhães), um companheiro inexcedível e que tem feito um trabalho incrível e aos mecânicos que têm sido incansáveis. Agora, vamos partir com o mesmo espírito para a segunda semana", completou.
Depois de terem começado o Dakar na última posição, os primos Mário e Rui Franco já rodam entre os 15 mais rápidos e, na etapa de ontem (quinta-feira), ficaram mesmo a um passo do top-10. A dupla parte, amanhã, na 25ª posição da classificação geral, entre os protótipos SSV da categoria Challenger.
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