O índice de gestores de compras (PMI, na sigla em inglês), elaborado pela empresa de informação económica britânica IHS Markit e difundido pela Caixin, caiu para 49,5 pontos, no mês passado, após se fixar nos 50 pontos, em março.

Trata-se da primeira contração neste indicador desde janeiro.

Quando se encontra acima dos 50 pontos, o PMI sugere uma expansão do setor, enquanto abaixo dessa barreira pressupõe uma contração da atividade. O índice da IHS Markit, que cobre principalmente empresas menores e voltadas para a exportação, em comparação com o PMI oficial, é tido como um importante indicador da evolução da segunda maior economia do mundo.

"Isto sugere que a recuperação económica da China desacelerou significativamente depois de as infeções por covid-19 terem atingido o pico no início do ano", apontou Wang Zhe, economista do Caixin Insight Group, no comunicado que acompanha os dados. "Resta saber se a recuperação é sustentável, após a libertação da procura reprimida ter permitido um aumento no curto prazo", acrescentou.

Em fevereiro passado, o indicador registou forte recuperação, ao subir 51,6 pontos. Os dados de abril ficaram abaixo da previsão dos analistas, que esperavam que o PMI permanecesse na zona de expansão, ao se fixar nos 50,4 pontos, acima do valor de março.

A economia chinesa cresceu, no último trimestre, ao ritmo mais rápido no espaço de um ano, impulsionada, em grande parte, pelos gastos do consumidor, após o país ter abolido a política de 'zero casos' de covid-19, que, em 2023, paralisou a atividade económica, devido à imposição de bloqueios altamente restritivos em dezenas de cidades do país.

No entanto, esta recuperação foi irregular: o crescimento do PMI ficou abaixo dos números do consumo, enquanto o setor imobiliário registou apenas uma ligeira recuperação e o investimento continuou em queda.

O consumo registou forte recuperação durante os feriados do Dia do Trabalhador, com os gastos a retornarem aos níveis anteriores à pandemia, à medida que milhões de pessoas viajaram para as principais cidades e pontos turísticos em todo o país.

Vários grandes bancos esperam agora que o crescimento anual do PIB (Produto Interno Bruto) supere a meta de Pequim para este ano, de "cerca de 5%".

A Caixin apontou, no entanto, a procura doméstica como um "obstáculo principal" para a recuperação da atividade na indústria transformadora em abril. Um subíndice para o total de novos pedidos registou contração no mês passado.

O mercado de trabalho também se deteriorou, disse Wang, acrescentando que "como a procura do mercado permaneceu moderada, as empresas que querem cortar custos estão relutantes em contratar mais trabalhadores, com algumas até a anunciar o despedimento de funcionários".

A recuperação económica da China ainda "não encontrou uma base estável" e o "emprego também é um problema notável, especialmente para os jovens", notou o analista.

Os líderes chineses permanecem cautelosos face às perspetivas de crescimento e sinalizaram que vão continuar a apoiar a economia. Um alto funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse, esta semana, que a China "tem espaço político para acomodar a política monetária porque a inflação está muito contida".

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