
De acordo com os mais recentes dados da agência da ONU, o Brasil continuou a ser de longe o principal utilizador de pesticidas, 801 mil toneladas, mais 11% do que em 2021.
Os agricultures dos Estados Unidos ficaram em segundo lugar, com 468 mil toneladas em 2022, uma subida de 2%.
Em ambos os países, os agricultores limitam geralmente a lavoura em campos de culturas importantes, como trigo, milho e soja, o que exige mais herbicidas.
Em termos de quantidade por hectare, entre os maiores utilizadores globais, o Vietname e o Brasil formam a dupla líder, com mais de 10 quilos de pesticidas por hectare.
Devido ao peso do Brasil (21% do consumo global de pesticidas) e dos Estados Unidos (13% do consumo global), o continente americano tem sido o maior consumidor do mundo desde meados da década de 1990, com um novo salto de 10% em 2022, para 1,89 milhões de toneladas.
Somando todos os países, este continente representa mais de metade (51%) do consumo global.
A segunda maior região consumidora, a Ásia, reduziu o uso de pesticidas em 1% em 2022, para 1,05 milhões de toneladas, após anos de aumentos, e a quantidade usada por hectare é inferior à média mundial, 1,60 quilos.
Por outro lado, a Ásia é, de longe, o maior exportador de pesticidas: 3,5 milhões de toneladas, num valor de 21,7 mil milhões de dólares (20,7 mil milhões de euros).
Classificada em terceiro lugar entre as regiões consumidoras, a Europa (13% do consumo global) reduziu a utilização de pesticidas em 7% em 2022, para 480 mil toneladas.
Em África, o consumo estabilizou em 2022, nas 209 mil toneladas, menos mil toneladas do que no ano anterior. Este continente representou apenas 5% do consumo global nos últimos dez anos.
Além de exterminar as espécies a que se destinam, os pesticidas estão a provocar efeitos devastadores em centenas de tipos de micróbios, fungos, plantas, insetos, peixes, aves e mamíferos em todo o planeta, de acordo com o primeiro estudo a avaliar o impacto dos pesticidas em todos os tipos de espécies em habitats terrestres e aquáticos.
A investigação, conduzida por uma equipa internacional e liderada pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China Oriental, foi publicada em 13 de fevereiro na Nature Communications e conclui que os pesticidas são uma das principais causas da crise da biodiversidade.
A equipa reviu mais de 1.700 estudos de laboratório e de campo sobre os efeitos de 471 tipos diferentes de pesticidas.
Em mais de 800 espécies, os pesticidas afetaram a taxa de crescimento, o sucesso reprodutivo e até alteraram comportamentos, como a capacidade de capturar presas, encontrar plantas para se alimentar, movimentar-se ou atrair um parceiro.
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Lusa/Fim
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