
O Estádio do Dragão recebeu um jogo especial, marcado pela primeira partida em casa dos azuis e brancos após a morte de Jorge Nuno Pinto da Costa. Num ambiente de grande emoção e tributo ao antigo presidente, o FC Porto não conseguiu segurar a vantagem e acabou por ceder um empate a um golo diante do Vitória SC. Os golos de Fábio Vieira e Úmaro Embaló fixaram o resultado final.
Mudanças e homenagens antes do apito inicial
Martín Anselmi promoveu três alterações em relação ao último jogo na Liga frente ao Farense, apostando em Tomás Pérez, Alan Varela e Gonçalo Borges nos lugares de Nehuén Pérez (suspenso), André Franco e Deniz Gül. Já Luís Freire, do lado dos vimaranenses, colocou Filipe Relvas, João Mendes e Vando Félix no onze inicial, colmatando as ausências de Mikel Villanueva (suspenso), Nuno Santos e Samu Silva.
O jogo começou envolto numa forte carga emocional, com o Estádio do Dragão repleto de homenagens a Pinto da Costa. Desde cânticos de apoio, bandeiras e tarjas até a um minuto de silêncio, tudo foi feito para recordar o líder histórico dos dragões.
Domínio portista sem eficácia na primeira parte
A equipa da casa entrou melhor e desde cedo assumiu as rédeas do encontro. Aos 18 minutos, o FC Porto criou as primeiras ocasiões de perigo, obrigando Bruno Varela a intervir. Os jogadores portistas ainda pediram grande penalidade por alegada falta do guarda-redes vimaranense, mas o árbitro mandou seguir.
O domínio portista fez-se sentir na posse de bola, nas aproximações à área adversária e no número de remates. O Vitória SC apostava em saídas rápidas para tentar surpreender, mas sem criar grandes problemas a Diogo Costa. Aos 41 minutos, Danny Namaso chegou a introduzir a bola na baliza, mas o golo foi anulado por fora de jogo. O 0-0 ao intervalo refletia a falta de eficácia dos dragões.
A segunda parte arrancou com um FC Porto determinado a chegar ao golo. Logo aos 47 minutos, Gonçalo Borges atirou por cima em boa posição. Aos 51, Bruno Varela teve dificuldades em segurar um remate de Zé Pedro, com Alan Varela a desperdiçar a recarga.
O Guimarães também teve o seu momento. Nelson Oliveira chegou a marcar aos 55 minutos, após passe de Tiago Silva, mas o lance foi invalidado por fora de jogo. A tensão aumentou e Luís Freire acabou expulso por protestos.
O golo do FC Porto surgiu aos 68 minutos e foi uma obra de arte. Depois de dois cortes de Filipe Relvas, Gonçalo Borges abriu para Fábio Vieira, que, com um remate em arco, bateu Bruno Varela. Um momento de classe do médio portista, que se afirma cada vez mais desde o seu regresso ao clube.
No entanto, quando tudo parecia encaminhado para a vitória azul e branca, o Vitória estragou os planos. Aos 86 minutos, após um mau alívio da defesa portista, Úmaro Embaló aproveitou e, com frieza, bateu Diogo Costa, silenciando o Dragão. Um balde de água fria para os portistas, que viram escapar dois pontos nos instantes finais.
Momento: A Magia de Fábio Vieira
O Dragão ainda assimilava o golo anulado ao Vitória quando Fábio Vieira decidiu deixar a sua marca com um momento de pura genialidade. Num lance bem ao seu estilo, puxou a bola para o pé esquerdo, descaído pela direita, e desenhou um remate em arco simplesmente indefensável. Bruno Varela voou, esticou-se, mas nada havia a fazer. A bola aninhou-se no fundo das redes, arrancando um rugido das bancadas. Um golo para ver e rever, digno dos momentos altos da temporada.
Melhores
Fábio Vieira
Num encontro sem grandes exibições individuais, Fábio Vieira destacou-se pelo momento que fez a diferença. O médio portista teve a nota inflacionada pelo golo de belo efeito que assinou, um verdadeiro hino à qualidade do seu pé esquerdo. Até então, a sua exibição tinha sido discreta, com várias descidas ao meio-campo para tentar organizar o jogo, sem grande impacto prático. No entanto, bastou um instante de inspiração para marcar a noite. O remate em arco, indefensável para Bruno Varela, foi suficiente para garantir-lhe a ovação do Estádio do Dragão no momento da substituição. Um lampejo de génio num jogo onde a magia escasseou.
Rodrigo Mora
Longe da sua noite mais brilhante, Rodrigo Mora voltou a mostrar por que é um dos jogadores mais talentosos deste FC Porto. No regresso ao onze inicial, o criativo argentino deu sempre um toque de qualidade extra ao jogo sempre que teve a bola nos pés. Determinado e confiante, procurou desbloquear a defensiva adversária, estando na origem de alguns dos lances mais perigosos dos dragões. Faltou-lhe maior clarividência no último passe e eficácia na definição, mas, ainda assim, foi um dos elementos mais diferenciadores da equipa. Um talento que promete continuar a crescer no Dragão.
Tiago Silva
Foi o verdadeiro motor do Vitória no Estádio do Dragão. Sempre ativo, o médio assumiu o jogo da sua equipa, sendo peça-chave na saída desde trás e na construção ofensiva. Com visão e qualidade técnica, pautou o ritmo dos minhotos e foi a referência na ligação entre setores. O passe que isolou Nélson Oliveira para um golo anulado por fora de jogo é um exemplo claro da sua capacidade para desequilibrar com bola. Num jogo intenso e de exigência máxima, Tiago Silva manteve-se firme, demonstrando toda a sua influência no coletivo vitoriano.
Pior
Lesão de Pepê
O que prometia ser uma noite especial para Pepê acabou por se transformar num verdadeiro pesadelo. No dia em que celebrava mais um aniversário, o brasileiro teve de abandonar o jogo ainda antes da meia hora, depois de sentir dores na face posterior da coxa direita. Tentou regressar, mas o desconforto físico acabou por ditar a sua saída, visivelmente abatido e em lágrimas. Uma baixa de peso para Martín Anselmi, que perde um dos jogadores mais influentes do FC Porto numa fase crucial da temporada.
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