A campanha "Compre produtos ucranianos, apoie a economia da Ucrânia!" foi lançada esta semana para tentar mobilizar os consumidores a procurarem produtos confeccionados naquele país, ajudando as empresas ucranianas ainda operacionais.
Em declarações à Lusa, a economista Olha Zadoroznha, professora na Universidade Kozminsky, em Varsóvia, Polónia, incitou as pessoas a procurarem produtos cujos códigos de barras comecem por 482, o que indica que foram manufaturados na Ucrânia.
Cerveja, roupas ou doces são alguns dos bens mais comuns, disse à Agência Lusa, acrescentando que podem ser encontrados até em Portugal, onde existe uma comunidade ucraniana numerosa.
"Tenho a certeza de que até mesmo num país que se encontra tão longe da Ucrânia é possível encontrar lojas abertas por ucranianos que emigraram ou que acabaram por sair do país devido à guerra desde fevereiro", vincou.
Uma alternativa é procurar em plataformas eletrónicas e redes sociais, como Etsy ou Instagram.
A campanha surgiu de um coletivo de académicos, cientistas e ativistas políticos ucranianos, polacos e europeus que se formou em Varsóvia para procurar soluções para os desafios criados pela invasão da Rússia.
Num dos encontros do "New Dawn" [Nova Alvorada], perceberam que era necessário ir além das sanções financeiras internacionais contra Moscovo e dar um apoio mais direto à sociedade russa, surgido a ideia desta campanha para impulsionar a economia ucraniana.
De acordo com o Instituto de Viena para Estudos Económicos Internacionais, o Produto Interno Bruto (PIB) da Ucrânia deverá cair 33 por cento em 2022 devido ao impacto da guerra antes de crescer 5,5% em 2023 graças à exportação de cereais e da ajuda externa.
Apesar de a atividade industrial no país estar muito limitada devido aos ataques às cidades e infraestruturas, Olha Zadoroznha disse à Lusa que foi feito um esforço para deslocar linhas de produção.
"Muitas empresas deslocaram-se do leste da Ucrânia para a parte central ou ocidental onde estão mais protegidas" de potenciais bombardeamentos porque são mais distantes das frentes de combate, contou.
Além disso, acrescentou, os transportes e serviços postais, que "são essenciais para a entrega e as cadeias de abastecimento, ainda estão operacionais e funcionam".
Algumas destas empresas tornaram-se em centros de refúgio para os habitantes, oferecendo comida, água, aquecimento e fichas para a recarga de equipamentos como telemóveis, contou.
Por outro lado, as receitas que fazem resultam em pagamento de impostos que são reencaminhados para o pagamentos de funcionários públicos, como médicos e soldados, de pensões de reforma e de subsídios sociais aos mais vulneráveis.
"Nós estamos a tentar sensibilizar as pessoas para que, a próxima vez que vão às compras, as pessoas podem escolher entre comprar uma cerveja da Ucrânia ou de outro país, porque isto vai apoiar a economia e o povo da Ucrânia", enfatizou.
Segundo Zadoroznha, "há muito tempo antes do Natal para comprar nas lojas ucranianas, mesmo online".
BM// APN
Lusa/fim
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