De acordo com o jornal, que referia fontes anónimas dentro do Governo norte-americano, Israel planeava atacar o Irão em maio para impedir o país de adquirir armas nucleares e esperava o apoio dos Estados Unidos.

Mas Donald Trump, depois de discutir o assunto com a sua equipa, optou pela via diplomática e tê-la-á defendido perante o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, durante a sua reunião na Casa Branca, na semana passada.

Israel esperava luz verde e apoio militar de Washington, em particular por causa das recentes declarações do Presidente norte-americano sobre os rebeldes iemenitas Houthi, apoiados por Teerão.

"Cada tiro disparado pelos Houthis será considerado, a partir de agora, como um tiro disparado por armas iranianas e o Irão será responsabilizado e sofrerá as consequências", que serão "terríveis", escreveu o também líder republicano em meados de março na rede social Truth Social.

Em 2018, durante o seu primeiro mandato, Donald Trump retirou o seu país de forma unilateral de um acordo internacional que previa o levantamento de certas sanções ao Irão em troca de regulação e vigilância às atividades nucleares iranianas.

Desde então, o Irão enriqueceu urânio muito para além dos limites permitidos pelo antigo acordo e conta agora com 274 quilos de urânio enriquecido com 60% de pureza, próximo dos 90% de grau militar, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, há muito que suspeitam que o Irão deseja adquirir armas nucleares, apesar de Teerão rejeitar estas alegações e defender o direito a produzir energia nuclear para fins civis.

Desde que regressou ao poder, Donald Trump pediu ao Irão que negociasse um novo texto, ao mesmo tempo que ameaçava bombardear o país se a diplomacia falhasse.

Teerão e Washington, que não mantêm relações diplomáticas desde 1980, mantiveram conversações no passado fim de semana, mediadas pelo sultanato de Omã, sobre a questão nuclear iraniana, estando prevista uma segunda ronda de conversações para o próximo sábado.

O diretor-geral da AIEA alertou na quarta-feira, numa entrevista ao jornal Le Monde, que o Irão está perto de ter uma bomba atómica.

"É como um puzzle: eles têm as peças e um dia podem juntá-las. Ainda há um longo caminho a percorrer antes de lá chegarem. Mas não estão longe, temos de admitir", disse.

"Não basta dizer à comunidade internacional 'não temos armas nucleares' para que acreditemos. Precisamos de ser capazes de verificar", acrescentou.

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