Para o principal grupo de defesa do regresso dos reféns em posse do Hamas, "[Benjamin] Netanyahu não tem um plano" e o discurso de hoje do chefe do Governo israelita representa "uma torrente de retórica interminável sobre o que não fazer".

Em comunicado, o Fórum defendeu que "a solução clara, viável e urgente" deve ser alcançada através de "um acordo que traga todos para casa, mesmo que isso signifique acabar com o conflito".

O primeiro-ministro israelita expressou hoje confiança na recuperação dos reféns "sem ceder aos ditames" do Hamas, considerando que a guerra contra o movimento palestiniano estava numa "fase decisiva", após 16 meses de combates.

"Acredito que podemos trazer os nossos reféns para casa sem ceder às ordens do Hamas", disse Netanyahu num discurso televisivo pré-gravado.

Esta é a primeira reação oficial do chefe do Governo desde que o Hamas rejeitou, na quinta-feira, uma proposta israelita de uma trégua na Faixa de Gaza.

"Não cederei aos assassinos que perpetraram o maior massacre do povo judeu desde o Holocausto (...). Estamos numa fase decisiva do conflito, e esta etapa exige paciência e determinação", observou Netanyahu.

Na quinta-feira, o Hamas disse que se opunha a um acordo de trégua parcial" no enclave palestiniano.

O movimento disse estar pronto para libertar todos os reféns israelitas, mas apenas como parte de um acordo abrangente para pôr fim à guerra, o que incluiria a retirada total das tropas israelitas do território, descartando o seu desarmamento, que é exigido por Israel.

Segundo Netanyahu, "encerrar a guerra com estes termos de rendição enviaria uma mensagem a todos os inimigos de Israel", no sentido em que "raptar israelitas pode colocar Israel de rastos" e "o terrorismo compensa".

"Se prometermos não voltar a combater, nunca mais poderemos voltar a combater em Gaza... Pergunto: os nossos soldados caíram por nada?", questionou.

As Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, divulgaram hoje um vídeo do refém israelita Elkana Bohbot, exibindo uma suposta conversa telefónica com familiares, horas depois de confirmarem que o prisioneiro israelo-americano Edan Alexander está desaparecido há quatro dias, após um ataque israelita na Faixa de Gaza.

Este é o terceiro vídeo de Elkana Bohbot divulgado pela ala militar do Hamas. O anterior ocorreu em 29 de março.

O israelita foi raptado durante o festival de música Nova, no sul de Israel, durante o ataque liderado pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que deu início à guerra na Faixa de Gaza.

Entretanto, o Exército israelita continuou hoje as suas operações militares no enclave e indicou que pelo menos 40 palestinianos foram mortos em resultado de ataques contra mais de 150 alvos.

O Exército anunciou também a primeira morte de um dos seus soldados desde que quebrou a trégua com o Hamas no mês passado.

As negociações entre os dois lados decorrem há mais de um mês, desde que Israel quebrou o cessar-fogo, sem progressos significativos.

A guerra foi desencadeada pelos ataques do Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que fizeram cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 250 reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 50 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, na maioria mulheres e crianças, e deixou o território destruído e a quase totalidade da população deslocada.

O Hamas continua a manter 59 reféns na Faixa de Gaza (incluindo um que já estava em cativeiro antes de 07 de outubro de 2023), dos quais Israel acredita que 24 estejam vivos.

HB // JMC

Lusa/Fim