Guterres expressou as "mais profundas condolências" à família do funcionário e colegas no PAM, e apelou a uma "investigação imediata, transparente e completa e que os responsáveis sejam responsabilizados pelas suas ações".

Num comunicado divulgado na terça-feira, o português disse que "as circunstâncias que rodeiam esta deplorável tragédia permanecem obscuras e a ONU está a pedir explicações urgentes às autoridades de facto".

Desde 2021, os Huthis detiveram vários trabalhadores da ONU, um número que agora ronda os 25.

Dezenas de funcionários das Nações Unidas, organizações não governamentais iemenitas e internacionais, organizações da sociedade civil e missões diplomáticas "continuam detidos, alguns deles há vários anos", disse Guterres.

"A sua detenção arbitrária contínua é inaceitável", lamentou o secretário-geral da ONU.

"Reitero o meu apelo à sua libertação imediata e incondicional", acrescentou Guterres, referindo que a ONU "está a monitorizar de perto esta situação" e continuará a tomar "as medidas apropriadas para garantir a segurança da sua equipa nos seus esforços para ajudar o povo iemenita".

A reação do português surgiu horas depois do PAM ter confirmado a morte de um dos trabalhadores, cuja identidade não foi divulgada, detidos pelos Huthis desde 23 de janeiro por razões desconhecidas.

A vítima mortal trabalhava nesta agência da ONU desde 2017.

"Lamentamos esta trágica perda e expressamos as nossas profundas condolências à família e entes queridos", referiu o PAM, que reiterou o apelo aos Huthis para que os trabalhadores humanitários "sejam sempre protegidos, e nunca atacados, durante o seu trabalho humanitário".

A diretora executiva do PAM, Cindy McCain, disse estar "destroçada e indignada" com a morte do trabalhador depois de ter sido "arbitrariamente detido" no Iémen.

"Um trabalhador humanitário dedicado e pai de dois filhos, que desempenhava um papel crucial na nossa missão de prestar assistência alimentar vital", declarou McCain na rede social X, em que frisou que os trabalhadores humanitários "não são um alvo".

A ONU suspendeu segunda-feira todas as operações na província de Sa'ada, no norte do Iémen, depois de vários funcionários da ONU terem sido detidos. 

Estas detenções, repetidamente denunciadas pela ONU, surgem no meio de uma crise humanitária cada vez mais profunda no Iémen, onde quase uma década de conflito entre rebeldes e autoridades internacionalmente reconhecidas deixou 17,6 milhões de pessoas -- metade da população -- em situação de insegurança alimentar.

 

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