Num novo relatório, os analistas deste 'think tank' argumentam que Kiev tem, neste momento, uma vantagem militar sobre a Rússia, mas lembram que isto não significa que haja garantias de vitória, "muito menos rápida".
"A Ucrânia ainda luta, por vezes, para garantir que todas as suas forças estejam adequadamente equipadas, com elementos de defesa territorial e unidades da guarda nacional a relatarem com frequência escassez de material, particularmente de equipamentos de inverno", explica o relatório, que acrescenta que estas dificuldades estão também a ser sentidas do lado russo.
Aliás, os analistas dizem que "o Kremlin parece estar apostado em manter a mobilização parcial para conter novas ofensivas ucranianas", mais do que para procurar ganhos de terreno, sobretudo quando se avizinha um inverno em que "o terreno encharcado e a lama vão complicar as ações militares".
A continuação dos esforços diplomáticos defendida pelos analistas é relevante quando o risco de guerra nuclear, "embora ainda baixo, é bastante real e deve ser gerido com cuidado".
"Ainda assim, não é um argumento persuasivo para permitir que a Rússia alcance os seus objetivos por meio de agressão e ameaça nuclear", explica o documento, que sugere que aqueles esforços diplomáticos devem "ser amarrados à realidade".
"Tanto Kiev como o Ocidente devem continuar a procurar áreas em que a cooperação possa atenuar os efeitos da guerra -- por exemplo, trocas de prisioneiros, esforços para sustentar e estender o acordo que fornece passagem segura para cereais ucranianos pelo Mar Negro e soluções para gerir a segurança nuclear na central de Zaporijia", defendem os analistas.
O documento conclui que "apelar a negociações de paz quando as partes ainda acreditam que têm mais a ganhar no terreno de batalha é um esforço infrutífero", com Kiev a acreditar que pode recuperar território anexado e com Moscovo a confiar no seu poder militar para estender a sua área de influência na Ucrânia.
"Por razões semelhantes, um cessar-fogo não está nos planos imediatos. Com ambas as partes ainda a acreditar que podem abrir caminho para uma posição melhor, cada uma exigiria termos de cessar-fogo que a outra consideraria insustentáveis", explicam os analistas.
Por outro lado, o 'think tank' acredita que a probabilidade de uma nova liderança na Rússia, que coloque um fim ao conflito, é baixa.
"O Estado russo é muito poderoso e a oposição é muito fraca, além de que as vias de pressão sobre o Kremlin são escassas", pode ler-se no relatório, que aconselha a que os países ocidentais esperem por uma melhor oportunidade para procurarem negociações de paz eficazes e consequentes.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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