
"Não vou abandonar a vida política, vou abandonar, neste momento, a vida autárquica, porque não me vou recandidatar a presidente da Assembleia Municipal de Leiria", afirmou à agência Lusa Lacerda Sales, eleito pelo PS, defendendo que estas funções "devem ser rotativas".
Lacerda Sales, antigo secretário de Estado da Saúde, adiantou que este mandato autárquico foi difícil.
"Comecei em 2021, ainda tinha responsabilidades exigentes no Ministério da Saúde. Tivemos de ultrapassar uma pandemia que terminou em 2023 oficialmente, embora em 2022 já fosse descendente, mas foi, de facto, um mandato muito difícil, com os dois primeiros anos muito difíceis", declarou, reconhecendo que os restantes foram "mais estáveis".
O presidente da Assembleia Municipal de Leiria referiu ainda que entendeu dever dar oportunidade a outra pessoa, explicando que há "pessoas mais novas também muito qualificadas para desempenhar a função".
"Por isso, com muita tranquilidade e com muita serenidade, despedi-me hoje da Assembleia Municipal, não me despedi nem da vida cívica, nem da vida política e, portanto, cá estarei para aquilo que o país precisar sempre de mim e a cidade de Leiria também", assegurou.
Questionado se não fecha a porta a uma nova candidatura, Lacerda Sales garantiu que tal não está nos seus horizontes, assegurando que, neste momento, não tem "nenhuma agenda política".
Lacerda Sales foi constituído arguido em junho de 2024, no âmbito da investigação ao caso das gémeas que foram tratadas no Hospital Santa Maria, em Lisboa.
Em causa está o tratamento, em 2020, de duas gémeas residentes no Brasil, que adquiriram nacionalidade portuguesa, com o medicamento Zolgensma. Com um custo total de quatro milhões de euros (dois milhões de euros por pessoa), este fármaco tem como objetivo controlar a propagação da atrofia muscular espinal, uma doença neurodegenerativa.
Sobre o processo judicial, o antigo governante disse que "mantém a sua fase de inquérito" e, quanto à dimensão política -- originou uma comissão parlamentar de inquérito -, é seu entendimento de que "foi um não assunto, transformado em caso", acabando por ser uma "inutilidade política".
"E do ponto de vista ético, eu penso que respeito, sinceramente, tudo aquilo que são a equidade, a justiça, o acesso à saúde e as decisões clínicas e é nessa base que eu entendo esta matéria", sustentou, dizendo aguardar, com serenidade, a finalização do processo judicial.
Por outro lado, assegurou que esta investigação nada tem a ver com a decisão de deixar a vida autárquica após as próximas eleições, previstas para setembro ou outubro, esclarecendo que regressou ao Serviço Nacional de Saúde, retomando a atividade médica no Hospital de Santo André, em Leiria.
No discurso, na sessão comemorativa do Dia do Município, Lacerda Sales referiu que o momento era o "fecho de um ciclo", pois este é o seu "último 22 de maio enquanto presidente da Assembleia Municipal de Leiria".
SR (CC/JGO/FC/SO) // SSS
Lusa/Fim
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