![Subida de custos energéticos e de habitação na Alemanha alarma inquilinos](/assets/img/blank.png)
"Já houve casos em que centenas de pessoas se candidataram a apartamentos, e claro que aqueles que tinham muito dinheiro e não tinham cadastro conseguiram o apartamento a preços muitas vezes excessivos. A crise energética só vai exacerbar isto", lamentou um porta-voz do movimento de moradores anti-subida das rendas e gentrificação Deutsche Wohnen & Co Enteignen.
Em declarações à agência Lusa, o mesmo responsável defendeu medidas imediatas que ajudem a combater o aumento dos preços e a subida da inflação causados pela guerra na Ucrânia, defendendo que "o primeiro passo deve passar por uma moratória sobre as rendas e um preço máximo para a energia", embora admitindo ser "pouco provável que isso seja conseguido pelos políticos alemães".
"Uma grande parte dos berlinenses ainda não recebeu ou irá receber as suas faturas de serviços públicos por estes dias. A este respeito, existe naturalmente um certo receio do que está para vir, de que as somas sejam demasiado elevadas e não possam ser pagas. Claro que já existem casos em que há simplesmente um enorme aumento de custos em relação ao ano passado", adiantou a mesma fonte.
De acordo com dados revelados esta semana pelo Instituto de Economia da Alemanha com sede em Colónia (IW), no terceiro trimestre deste ano o custo do aluguer na Alemanha aumentou 5,8% em comparação com o mesmo período de 2021.
Foi no estado federal de Meclemburgo-Pomerânia Ocidental, na costa do Báltico, onde os proprietários mais subiram os preços das rendas com um aumento de 10,3% em comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Na lista das cidades alemãs, Berlim está no topo com uma subida de 8,3%.
"O aumento dos custos da energia está, naturalmente, a agravar a situação. Muitos senhorios estão a terminar os arrendamentos com o argumento de que as faturas de renda e de energia não estão a ser pagas. Acreditamos que isto é apenas um meio de despejar os arrendatários de baixos rendimentos", indicou o movimento "Parar os Despejos" ("Zwangsräumungen gemeisen stoppen").
"Também torna a vida mais precária para a maioria dos inquilinos, não só porque temem receber contas de energia que não podem pagar, mas também porque os senhorios cobram muitas vezes custos muito mais elevados do que os consumidos. Na Alemanha, muitos dos custos de energia são faturados através do senhorio (especialmente o gás para aquecimento), e isto significa que não pagar as contas pode levar não só ao corte de alguns serviços, mas também ao despejo", apontou.
Ainda assim, para estas duas associações o verdadeiro impacto do aumento dos preços da energia só será visível nos próximos meses.
De acordo com o IW, a crescente dificuldade em encontrar apartamentos e o aumento dos preços das rendas também pode ser explicado pelo cancelamento de inúmeros projetos de construção devido à subida dos custos com a mão-de-obra e materiais.
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Lusa/Fim
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