
"O Japão está a acompanhar com grande interesse os desenvolvimentos relacionados com as tarifas, incluindo o anúncio feito pelos Estados Unidos e pela China, e tomaremos as medidas apropriadas, enquanto analisamos cuidadosamente a sua influência", disse hoje o porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi, numa conferência de imprensa.
As duas maiores economias do mundo anunciaram um acordo na segunda-feira, com efeitos a partir de 14 de maio, ao abrigo do qual reduzirão os direitos aduaneiros mútuos em 115% durante 90 dias, o que manterá os direitos aduaneiros dos Estados Unidos sobre as importações chinesas em 30% durante esse período, em comparação com os 10% da China para as importações dos EUA.
O pacto foi bem recebido pelos mercados financeiros e o Nikkei, o principal índice bolsista de Tóquio, subiu mais de 2% após o anúncio do acordo, que reduziu os receios de uma recessão global em resultado da guerra comercial.
O Japão, que recebeu tratamento prioritário dos EUA nas negociações, ainda não chegou a um acordo com Washington e prepara-se para uma terceira ronda de diálogo, que deverá ocorrer ainda em maio.
Tóquio tem vindo a pedir a Washington que a isente de todas as subidas de tarifas que o Presidente norte-americano, Donald Trump, implementou desde que regressou à Casa Branca, com particular ênfase na subida de 25% sobre as importações de veículos, que representam cerca de 30% das exportações do Japão para os Estados Unidos.
Washington, pelo seu lado, terá pedido ao Japão para aceitar uma quota maior dos seus automóveis e produtos agrícolas.
Hayashi defendeu hoje o ritmo das negociações: "É natural que existam diferenças nas agendas e no calendário das negociações, uma vez que cada país se encontra numa situação diferente".
"O Japão e os Estados Unidos estão a negociar de forma franca e construtiva e concordámos em procurar um acordo o mais rapidamente possível", que será anunciado no momento oportuno, acrescentou o porta-voz.
Os direitos aduaneiros colocaram os construtores japoneses na corda bamba.
A Mazda, que constrói 80% dos automóveis que vende nos Estados Unidos fora do território norte-americano, metade no Japão - absteve-se de publicar previsões financeiras para o ano em curso, com os analistas a anteciparem prejuízos.
Já a Nissan decidiu aumentar o número de despedimentos que estava a planear, para um total de 20 mil a nível global, cerca de 15% da sua força de trabalho, avançou a imprensa local na segunda-feira.
O terceiro maior fabricante de automóveis do Japão, com sede em Yokohama, a leste de Tóquio, que já atravessava uma delicada situação financeira, apresentará hoje os resultados do último ano fiscal, encerrado a 31 de março.
A empresa já disse esperar registar uma perda líquida entre 700 mil e 750 mil milhões de ienes (entre 4,26 entre 4,57 mil milhões de euros) devido aos custos relacionados com o seu plano de reestruturação e outros fatores.
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